São Paulo, segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

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Berzoini sai na frente na eleição do PT

Parcial divulgada na noite de ontem mostrava atual presidente com 62% dos votos; 2º turno teve quórum 40% inferior ao da 1ª votação

Campanhas de Berzoini e Tatto contrariam normas do partido em busca de votos para ganhar a presidência da legenda por dois anos

Ricardo Marques/Folha Imagem
Berzoini, presidente do PT, vota na sede do partido, em Brasília


JOSÉ ALBERTO BOMBIG
CATIA SEABRA

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do PT, Ricardo Berzoini, largou na frente ontem na apuração da eleição que indicará quem comandará o partido até 2009. Até as 21h30, com cerca de 35% dos votos contabilizados, Berzoini tinha 62,1% do total contra 37,8% de seu rival no segundo turno da eleição, Jilmar Tatto.
A parcial que indica a vitória de Berzoini, candidato do presidente Lula, corresponde a 75.560 votos de 796 cidades.
O resultado deve ser divulgado na tarde de hoje. Berzoini, da corrente CNB (Construindo um Novo Brasil), o antigo Campo Majoritário, é deputado por São Paulo, assim como Tatto.
O segundo turno foi marcado pela baixa adesão de filiados. A estimativa do comando do partido era de participação de 220 mil filiados no segundo turno, quórum quase 40% mais magro do que o registrado no primeiro turno, quando 326 mil petistas foram às urnas.
Temendo os efeitos dessa baixa adesão, as campanhas de Berzoini e de seu desafiante contrariaram as regras do partido para garantir presença.
Além do transporte de eleitores -prática adotada pelas duas campanhas-, a coordenação de Berzoini também afrontou as normas fixadas para a eleição (o regimento do PED) ao recrutar não-filiados para compor a mesa e fiscalização da votação pelo menos na Capela do Socorro, reduto de Tatto.
Na zona sul de São Paulo, a coordenação de campanha de Berzoini indicou "voluntários" saídos de São Bernardo de Campo e Santo André para as mesas. Segundo Claudemir Moreira, chefe-de-gabinete do deputado Vicente Cândido, foi preciso arregimentar "militantes sindicais" para evitar que o grupo adversário inflasse o número de eleitores de Tatto.
"A gente não fez nada de errado aqui. A gente só perde", argumentou Claudemir, negando ter contratado os mesários.
Em Jardim Novo Horizonte, os estudantes Diego Oliveira de Moraes e Regina de Oliveira -ambos de São Bernardo- compuseram a mesa de votação como representantes da campanha de Berzoini. Em Parelheiros, a fiscalização ficou por conta de Marcos Caires, sem vínculo partidário, mas ligado ao presidente do Dieese, João Cayres. "Meu irmão pediu uma ajudinha", disse Marcos Caires, que também levou não-filiados para a mesa de votação.
Também chamou a atenção de aliados de Tatto a presença de uma equipe de segurança da empresa de Freud Godoy - assessor da presidência demitido em meio ao escândalo dos "aloprados" - nos locais de votação da Capela de Socorro. O comando do PT nega que tenham sido contratados para isso.
Do lado de fora, foi frenética a movimentação de peruas para transporte de eleitores. Às 13h30, duas kombis estavam estacionadas à porta do local de votação de Novo Horizonte. Uma carregava eleitores de Berzoini. A outra, de Jilmar.
Diogo Silva, 21, transportava eleitores desde a manhã. Disse não ser o único contratado pela equipe de Berzoini. Mas se recusou a informar o nome do contratante e o valor pago pelo serviço realizado ontem.
Do outro lado da rua, transportando eleitores de Tatto, Manoel José de Souza desconversou: "Estou trabalhando há tanto tempo que nem sei mais quem me contratou".
Em Jardim São José, local de votação de Tatto, uma kombi circulava apenas com um eleitor por vez, como aconteceu com a desempregada Helena Soares, 28, moradora da favela de Iporanga. Em geral, os filiados eram acompanhados pelo motorista contratado e por um funcionário de gabinete. "Avisaram na sexta que me buscariam", disse Helena.
Irmão de Jilmar, Jair Tatto diz que não vê problema nos transportes. "Isso [a proibição] é estatutário", minimizou.
Segundo o tesoureiro do partido, Paulo Ferreira, o comando do PT já trabalhava com a idéia de redução de quórum.


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