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Governo pagou quase R$ 1 bi a publicitários ligados ao PT
Pela 1ª vez desde 2003, Lula abre disputa por contas do Planalto e da Petrobras
Três marqueteiros que atuaram em campanhas
de Lula estão ligados a agências que receberam
R$ 920 milhões desde 2003
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo federal deve anunciar nos próximos dias o resultado de duas das maiores concorrências lançadas para contratação de serviços de publicidade desde a posse do presidente Lula. A conta da Secretaria de Comunicação do Palácio
do Planalto, cujo resultado é esperado para hoje, prevê o valor
anual de R$ 150 milhões e a estatal Petrobras anuncia gastos
de R$ 250 milhões por ano. Os
dois contratos originais datam
de 2003 e desde então vinham
sendo renovados pelo governo.
O retrospecto da distribuição
das verbas publicitárias pelo
governo indica que é grande a
chance de as contas caírem ou
continuarem nas mãos de marqueteiros afinados com o PT.
Segundo levantamento feito
pela Folha, publicitários que
trabalharam em campanhas de
Lula ou com administrações do
PT abocanharam pelo menos
R$ 983 milhões em verbas publicitárias da Esplanada dos
Ministérios e da Petrobras desde a posse do presidente.
O valor representa quase a
metade (49,1%) de tudo o que
foi gasto por todos os ministérios e a Presidência no período
2004-2007 e pela estatal no período 2003-2007, num total de
R$ 2 bilhões. Em média, as
agências ficam com 14% do bolo publicitário, e o restante vai
para meios de comunicação,
gráficas, produtoras de vídeo e
outras empresas terceirizadas
voltadas para produção e divulgação das peças -o que projeta
um faturamento de R$ 137 milhões para as agências.
Três marqueteiros que atuaram em campanhas de Lula estão ligados a agências que receberam R$ 920 milhões desde
2003. São eles Duda Mendonça, Paulo de Tarso, da agência
Matisse, e Eduardo Godoy, ex-secretário de Comunicação do
governador Zeca do PT (MS)
entre 1999 e 2000 e presidente
da Quê Comunicação.
A agência presidida por Godoy obteve R$ 339 milhões da
Petrobras e cerca de R$ 15 milhões da estatal BR Distribuidora. Godoy trabalhou na campanha de Lula de 1998 e na de
Marta Suplicy (PT) ao governo
de São Paulo no mesmo ano.
No ano passado, seu nome
apareceu no noticiário durante
as investigações sobre os aloprados -assessores da campanha de Lula à reeleição envolvidos numa tentativa de compra
de um dossiê contra tucanos.
A Polícia Federal detectou
um telefonema de Godoy para
Hamilton Lacerda, ex-assessor
do senador Aloizio Mercadante
(PT-SP) apontado pela PF como a pessoa que teria levado a
um hotel de São Paulo o dinheiro para a compra do dossiê. Godoy disse que a conversa
foi uma sondagem de Lacerda
para que ele fizesse a campanha de Mercadante.
Líder
Com o escândalo do mensalão, em 2005, o publicitário Duda Mendonça, marqueteiro de
Lula na eleição de 2002, perdeu
a conta da Secom (Secretaria de
Comunicação) da Presidência.
Mas manteve-se na liderança
das verbas publicitárias, com
R$ 417 milhões entre 2003 e
2007, principalmente por causa dos repasses da Petrobras
(R$ 294 milhões no período).
Na crise do mensalão, Duda
admitiu ter recebido pelo menos R$ 10 milhões no exterior.
O publicitário Agnelo Pacheco, que deteve a conta de publicidade da Prefeitura de São
Paulo na gestão Marta, registra
ascensão meteórica na distribuição de verbas publicitárias
do governo Lula. Em 2004, a
agência obteve R$ 4,4 milhões
do Ministério do Turismo.
Venceu a licitação na Saúde naquele ano e os pagamentos passaram a R$ 33 milhões em
2005. O valor manteve-se em
R$ 31 milhões em 2006.
A ministra do Turismo, Marta Suplicy, que tomou posse no
início deste ano, lançou nova licitação para publicidade. Até
então, a Agnelo Pacheco recebia anualmente sempre menos
de 30% do valor total da verba
máxima de R$ 30 milhões
anuais, enquanto a empresa
mineira Perfil, do mesmo Estado do ex-ministro das Relações
Institucionais Walfrido dos
Mares Guia (PTB), recebia cerca de 70%. A Perfil perdeu para
a 141 Worldwide a licitação,
concluída há dois meses. A partir de agora, a verba anual será
de R$ 40 milhões, distribuída
entre a Agnelo Pacheco, que
venceu a nova disputa, e a 141.
"A Agnelo é uma das empresas que atendem a conta do governo do Rio, Sérgio Cabral,
que é do PMDB, e ganhei a
SPTrans, que é do seu Kassab
[DEM]. Quer dizer, a Agnelo
não tem carimbo."
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