São Paulo, quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

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Paraguai ameaça barrar a Venezuela no Mercosul

Oposição promete impedir a adesão do país após a aprovação pelo Senado do Brasil

Presidente do Congresso, Miguel Carrizosa diz que os paraguaios agirão como os "últimos samurais" contra dominação de Hugo Chávez

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

Único país que não analisou a entrada da Venezuela no Mercosul, o Paraguai nem sequer tem uma previsão de quando o assunto será votado pelo Congresso, onde a maioria oposicionista voltou a dizer ontem que barrará o ingresso do potencial quinto sócio do bloco.
"Pelo visto, o Paraguai continuará sendo o último samurai. O Brasil é grande, não tem medo de Hugo Chávez, mas, enquanto este continue entrando em questões internas dos países menores, inclusive nas suas Forças Armadas, e de querer ser o dominador, o Senado dirá não a Hugo Chávez, que não é o mesmo que a Venezuela", disse ontem o presidente do Senado e do Congresso, Miguel Carrizosa, ao jornal "ABC Color", do partido minoritário Pátria Querida, de oposição.
Tanto a Câmara quanto o Senado são controlados pelos partidos Colorado e Unace, ambos de oposição ao desgastado presidente esquerdista e ex-bispo Fernando Lugo.
O discurso antichavista no Paraguai ecoa um forte movimento de forças de direita contrárias à suposta ingerência venezuelana na região. Em Honduras, a aliança do presidente deposto Manuel Zelaya com Caracas foi um dos principais argumentos usados por sua oposição para justificar a sua derrocada, no dia 28 de junho.
Na Colômbia, as constantes ameaças de um confronto armado com a Venezuela jogam a favor da tese de um terceiro mandato para Álvaro Uribe -o tema ainda está na Justiça.
No Peru, Alan García venceu a eleição presidencial de 2006 explorando os vínculos de seu adversário no segundo turno, Ollanta Humala, ao presidente venezuelano.
Pesquisa do Latinobarómetro mostra que Chávez é o presidente mais mal avaliado na opinião pública regional: 3,9, numa escala de 0 a 10.
Temendo um revés sem volta, Lugo ainda não enviou o ingresso da Venezuela à apreciação do Congresso. O senador oficialista e presidente da Comissão de Relações Exteriores, Alberto Grillón, disse que o debate poderia começar em março, após o recesso parlamentar.
Anteontem, o Senado brasileiro ratificou a entrada da Venezuela no Mercosul, em votação apertada, com apenas oito votos de diferença, após quase três anos de tramitação.


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