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Paraguai ameaça barrar a Venezuela no Mercosul
Oposição promete impedir a adesão do país após a aprovação pelo Senado do Brasil
Presidente do Congresso, Miguel Carrizosa diz que os paraguaios agirão como os "últimos samurais" contra dominação de Hugo Chávez
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Único país que não analisou a
entrada da Venezuela no Mercosul, o Paraguai nem sequer
tem uma previsão de quando o
assunto será votado pelo Congresso, onde a maioria oposicionista voltou a dizer ontem
que barrará o ingresso do potencial quinto sócio do bloco.
"Pelo visto, o Paraguai continuará sendo o último samurai.
O Brasil é grande, não tem medo de Hugo Chávez, mas, enquanto este continue entrando
em questões internas dos países menores, inclusive nas suas
Forças Armadas, e de querer
ser o dominador, o Senado dirá
não a Hugo Chávez, que não é o
mesmo que a Venezuela", disse
ontem o presidente do Senado
e do Congresso, Miguel Carrizosa, ao jornal "ABC Color", do
partido minoritário Pátria
Querida, de oposição.
Tanto a Câmara quanto o Senado são controlados pelos
partidos Colorado e Unace, ambos de oposição ao desgastado
presidente esquerdista e ex-bispo Fernando Lugo.
O discurso antichavista no
Paraguai ecoa um forte movimento de forças de direita contrárias à suposta ingerência venezuelana na região. Em Honduras, a aliança do presidente
deposto Manuel Zelaya com
Caracas foi um dos principais
argumentos usados por sua
oposição para justificar a sua
derrocada, no dia 28 de junho.
Na Colômbia, as constantes
ameaças de um confronto armado com a Venezuela jogam a
favor da tese de um terceiro
mandato para Álvaro Uribe -o
tema ainda está na Justiça.
No Peru, Alan García venceu
a eleição presidencial de 2006
explorando os vínculos de seu
adversário no segundo turno,
Ollanta Humala, ao presidente
venezuelano.
Pesquisa do Latinobarómetro mostra que Chávez é o presidente mais mal avaliado na
opinião pública regional: 3,9,
numa escala de 0 a 10.
Temendo um revés sem volta, Lugo ainda não enviou o ingresso da Venezuela à apreciação do Congresso. O senador
oficialista e presidente da Comissão de Relações Exteriores,
Alberto Grillón, disse que o debate poderia começar em março, após o recesso parlamentar.
Anteontem, o Senado brasileiro ratificou a entrada da Venezuela no Mercosul, em votação apertada, com apenas oito
votos de diferença, após quase
três anos de tramitação.
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