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CASO SANTO ANDRÉ
Vítimas tinham algum tipo de vínculo com o crime; Promotoria vai apurar se foi apenas coincidência
Seis ligados ao caso Daniel foram mortos
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Pelo menos seis pessoas que tiveram algum tipo de vínculo com
os acontecimentos que cercaram
a morte do prefeito de Santo André Celso Daniel (PT) foram assassinadas a tiros nos últimos dois
anos. A polícia não elucidou nenhum dos homicídios.
Foram mortos o garçom que
serviu o prefeito na noite do seu
seqüestro, a testemunha da morte
dele, o agente funerário que reconheceu o corpo de Daniel e chamou a polícia, um homem que teria participado do seqüestro e
duas outras pessoas ligadas a ele,
incluindo um policial civil.
Inicialmente considerados crimes isolados, os homicídios serão
apurados pelo Ministério Público
a partir da semana que vem. A
Promotoria quer saber se as mortes estão relacionadas ao caso de
Daniel ou se não passam de uma
sucessão de coincidências.
O garçom do restaurante Rubayat Antonio Palácio de Oliveira
serviu o prefeito no último jantar
dele antes do seqüestro -há exatamente dois anos. O prefeito dividiu a mesa com o empresário
Sérgio Gomes da Silva, acusado
em ação judicial de ser o mandante da morte, o que ele nega.
Em fevereiro de 2003, Oliveira
foi perseguido por dois homens
quando dirigia uma moto. Foi
agredido com um chute, perdeu o
controle e colidiu com um poste
na altura do nš 2.000 da avenida
Águia de Haia (zona leste de SP).
Embora nada tenha sido levado, a
polícia registrou o caso como
"roubo seguido de morte".
A única testemunha que declarou à polícia ter assistido à morte
do garçom foi assassinada no
mesmo local, 20 dias depois, com
um tiro nas costas.
Quando foi morto, o garçom
portava documentos falsos e um
novo nome. Familiares e amigos
afirmaram à Folha que Oliveira
recebeu R$ 60 mil num depósito
em conta corrente, cuja origem e
data precisa não sabem informar
-alguns dizem se tratar de um
seguro de vida. Oliveira recebia
cerca de R$ 400 por mês.
Ainda segundo relato de amigos, o garçom teria escutado trechos da conversa de Daniel e de
Gomes da Silva. Detalhes do que
ouviu, entretanto, deveriam ser
silenciados -a orientação é creditada a chefes do trabalho. Dias
após a morte de Daniel, Oliveira
disse à polícia não ter ouvido nada. Afirmou que Gomes da Silva
freqüentava o restaurante "vez
por outra" e que, naquela noite,
ele e Daniel pareciam tranqüilos.
Em um diálogo gravado pela
Polícia Federal entre Gomes da
Silva e o vereador Klinger Luiz de
Souza (PT), ex-secretário de Serviços Municipais de Santo André,
os dois falam sobre um garçom
do restaurante. A conversa ocorreu oito dias após o corpo de Daniel ser encontrado.
Klinger - Você se lembra se o garçom que te serviu lá no dia do
jantar é o que sempre te servia ou
era um cara diferente?
Sérgio - Era o cara de costume.
Klinger - Você estava naquela
mesa lá de canto?
Sérgio - Era.
Procurado na última quinta-feira para falar se conhecia o garçom
morto, a assessoria de Klinger informou que ele estava em viagem.
No último dia 23, foi assassinado com dois tiros o agente funerário Iran Moraes Redua, 25. Ele foi
o primeiro a identificar o corpo de
Daniel, abandonado em uma estrada de terra em Juquitiba. À polícia, Redua disse ter reconhecido
o prefeito por meio de um jornal
que trazia estampada a foto de
Daniel e estava ao lado do corpo.
Outras três mortes estão relacionadas a Dionízio Severo, apontado como o elo entre Gomes da
Silva e a quadrilha da favela Pantanal, contratada para matar o
prefeito. Severo foi morto numa
cadeia de Guarulhos. Sérgio "Orelha", que abrigou Severo em sua
casa nos dias subseqüentes à morte de Daniel, também morreu.
Outra morte é a de um investigador de polícia. A quebra do sigilo telefônico revelou ligações do
celular do policial para Severo na
véspera do seqüestro.
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