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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Ex-presidente diz a interlocutores que PSDB ganhará eleição com qualquer candidato e que é preciso julgar quem será o melhor presidente
FHC opta por Serra na disputa com Alckmin
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na hora em que esquentou a
disputa interna no PSDB entre José Serra e Geraldo Alckmin, o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso tem dito a caciques tucanos que considera o prefeito paulistano a melhor opção do partido
para concorrer ao Planalto.
A tomada de posição de FHC é
um revés para o governador de
São Paulo, Geraldo Alckmin, que
também postula a indicação.
Em conversas reservadas, sempre com muito jeito para não
ofender Alckmin, FHC tem deixado claro para caciques tucanos
que considera Serra o político
mais preparado do PSDB para ser
presidente. A Folha apurou que
essa avaliação, antes feita apenas
para interlocutores íntimos, já
chegou a governadores, senadores e deputados federais do PSDB.
Procurada ontem pela Folha, a
assessoria de FHC disse que ele
viajou ao exterior para dar palestras. Em novembro passado, FHC
contestou informação, publicada
na coluna Mônica Bergamo, de
que ele teria dito a interlocutores
que Serra seria mais "competente" para derrotar o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
FHC, que ocupou o Palácio do
Planalto por dois mandatos
(1995-1998 e 1999-2002), será um
dos principais "eleitores" do colégio interno tucano que escolherá
entre Alckmin e Serra.
Em suas análises, FHC considera que tanto Serra quanto Alckmin derrotam Lula se o petista
tentar se reeleger. Acha, portanto,
que têm pouca importância discussões sobre quem estará à frente nas pesquisas na hora da escolha tucana e quem teria maior capacidade de fazer alianças.
FHC diz que o PSDB fará, na virada de fevereiro para março, a
escolha do virtual presidente. Daí
dizer em conversas reservadas
que o fundamental é refletir sobre
qual dos dois, Alckmin ou Serra,
seria "o melhor presidente".
Na opinião do ex-presidente, o
Brasil teria esgotado um ciclo econômico no qual a grande prioridade era o combate à inflação.
Chega a elogiar o governo Lula
nesse aspecto, dizendo que o lado
bom de o petista ter adotado uma
política econômica mais ortodoxa do que a sua foi afastar o risco
de retorno da inflação.
Agora, tem dito FHC, a prioridade é desarmar uma armadilha
na qual ele e Lula caíram: crescimento econômico baixo e juros
altos. Nesse contexto, avalia que
Serra tem "mais bagagem" para
mudar a política econômica.
Já Alckmin, pensa o ex-presidente, adotaria um receituário
muito próximo ao atual, do qual
FHC se tornou crítico apesar de
tê-lo inaugurado no país.
FHC costuma perguntar a interlocutores quem teria mais condições de negociar com os EUA
uma eventual retomada da Alca
(Área de Livre Comércio das
Américas). Ele mesmo responde
que seria Serra.
Há ainda dois outros motivos,
um pessoal e outro político, para
o ex-presidente defender Serra. A
razão pessoal: é amigo de Serra
desde os anos 60.
Apesar de dizer que o prefeito
teria um gênio muito difícil, FHC
faz a ressalva de que Serra foi sempre um bom amigo quando ele, o
ex-presidente, passou por dificuldades. FHC sente dever apoio a
Serra também por lealdade pessoal.
O segundo motivo seria o que
FHC chama de "fila na política".
Crê que Serra perdeu uma eleição
presidencial (2002) impossível de
ser ganha e que, do ponto de vista
histórico e administrativo, tem
mais peso que Alckmin. Exemplos: lutou contra a ditadura militar de 1964, foi principal secretário do governo Montoro (1982-1986), ex-ministro do Planejamento e da Saúde e prefeito da
maior cidade do país, além de sua
carreira como economista.
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