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Aliados rifam cargos do governo Lula
Disputa na Câmara vira balcão de negócios e apoiadores de Chinaglia oferecem um ministério para até três deputados
Presidente avisou nesta semana que não autoriza as negociações; em conversa com Aldo Rebelo, Dilma diz que "loteamento" preocupa
FERNANDO RODRIGUES
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A eleição acirrada para a presidência da Câmara e o atraso
na montagem da equipe do segundo mandato de Luiz Inácio
Lula da Silva transformaram
corredores e gabinetes do Congresso em pontos de conchavos
e promessas de cargos. Há ministérios sendo disputados por
até três candidatos.
As promessas são feitas por
aliados governistas que defendem a candidatura de Arlindo
Chinaglia (PT-SP). Em público,
os "arlindistas" negam. No Palácio do Planalto, a Folha ouviu
que as negociações de cargos
não são endossadas por Lula.
Mesmo assim, negociações
são feitas diariamente. O Ministério dos Transportes está
sendo prometido para o senador eleito Alfredo Nascimento
(PR-AM) e para os deputados
Tadeu Filippelli (PMDB-DF) e
Fernando Diniz (PMDB-MG).
O da Agricultura seria oferecido ao PTB, que indicaria para
a pasta o deputado Nelson
Marquezelli (SP) em troca do
apoio a Chinaglia na disputa.
Na última terça-feira, na reunião de coordenação política
no Planalto, Lula voltou a dizer
a seus ministros que só monta
sua nova equipe depois da eleição dos presidentes da Câmara
e Senado. Sinalizou que não estaria autorizando ninguém a
negociar em seu nome.
Foi esse, inclusive, um dos
temas da conversa da ministra
Dilma Rousseff (Casa Civil)
com o presidente da Câmara,
Aldo Rebelo (PC do B-SP), no
último domingo. Ela disse ao
deputado estar preocupada
com as notícias de loteamento
do governo, principalmente na
área de infra-estrutura.
A ministra ouviu de Aldo que
seus aliados estariam acusando
o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) de estar
participando das articulações
para negociar cargos. Dilma
negou e disse que se o PT estava fazendo esses acordos não
tinha o aval do presidente.
PR e Transportes
Segundo a Folha apurou, a
segurança de comandar o Ministério dos Transportes estaria fazendo engordar a bancada
do PR (fusão do PL com o Prona). Deputados ingressariam
na sigla com a promessa de recompensa com cargos.
A pasta já foi ocupada no primeiro mandato por Alfredo
Nascimento, ainda citado como um dos dos favoritos para
voltar ao posto.
Quem comanda as negociações no PR é o deputado Valdemar Costa Neto -ele renunciou ao mandato na última legislatura para escapar da cassação, pois esteve envolvido no
escândalo do mensalão.
Ele já conseguiu trazer para
o PR o deputado Maurício
Quintella (eleito pelo PDT),
que deve assumir a direção do
partido em Alagoas e indicar
dirigentes do porto de Maceió e
do poderoso Dnit (Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes) local.
A maioria dos cargos em negociação no momento é para os
partidos cujas direções nacionais mais se esforçam pela candidatura de Chinaglia -além
do PT, PR, PP, PTB e PMDB.
Essa última legenda espera obter até seis ministérios no segundo mandato de Lula.
O presidente nacional do
PMDB, deputado Michel Temer (SP), trabalha com afinco
por Chinaglia. Seu nome enfrenta resistências no Planalto,
pois nunca teve boa relação
com Lula. O óbice parece estar
sendo removido, pois Temer
aparece em listas de ministeriáveis para a Justiça.
Outro peemedebista que pode ser recompensado pelo
apoio a Chinaglia é Moreira
Franco (PMDB-RJ), ex-aliado
feroz dos tucanos na era FHC
que agora bandeou-se para o
petismo. Está cotado para receber algum cargo federal.
No PP, a expectativa é manter Márcio Fortes no Ministério das Cidades e ampliar a participação no governo com a
criação de uma nova pasta, a da
Segurança Pública. O nome para ocupá-la seria do deputado
federal eleito José Otávio Germano (RS).
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