|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Empresa de Lobão Filho era de fachada, diz ex-sócia
Segundo empresária, Bemar foi criada para regularizar situação fiscal da Itumar; novo inquérito foi aberto pelo Ministério Público
HUDSON CORRÊA
ENVIADO ESPECIAL A SÃO LUÍS
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O suplente de senador Edison Lobão Filho (DEM-MA)
criou a Bemar Distribuidora de
Bebidas como empresa de fachada da Itumar Distribuidora
de Bebidas, afirma a empresária Maria Luiza Thiago de Almeida, 55, em depoimento à
Polícia Civil em 2006.
Maria Luiza foi sócia de Lobão Filho na Bemar de 1996
(data da criação da empresa) a
1998, quando ele deixou a sociedade. A criação da Bemar
"foi sugerida", segundo Maria
Luiza, pelo seu ex-marido,
Marco Antônio Costa, 56, que
administra a Itumar.
Lobão Filho disse nesta semana que Costa era "seu verdadeiro sócio" na Bemar. Após se
separar de Costa, em 2002, Maria Luiza o acionou na Justiça
para obter parte dos bens que
atribui pertencer ao ex-marido.
Na partilha dos bens, Costa disse, conforme Maria Luiza, que
ela não teria nada a receber em
função de os bens não estarem
no nome dele. Ainda segundo
ela, a Bemar foi criada porque
Costa temia que a Itumar "viesse a falir por problemas fiscais".
"A Bemar ficou sem comprar
ou vender coisa alguma (...), entretanto tinha uma extensa
movimentação financeira que
era dinheiro oriundo da Itumar. Que, então, as duas empresas funcionavam como se
fosse [sic] uma só", disse ela.
"Que, a partir daí, descobriu
que as empresas Bemar, Itumar, Ventura e Marco Atacado
tinham na verdade o mesmo
endereço, sendo todas de fachada do grupo Itumar."
O Ministério Público do Maranhão investiga a Itumar por
suposta sonegação de R$ 42
milhões em impostos desde
2000. Lobão Filho nega que tenha ligação com a Itumar e que
tenham ocorrido fraudes na
Bemar, quando esteve na empresa. Procurada ontem, a assessoria de Lobão Filho disse
que ele está em viagem e que no
início da próxima semana apresentará documentos.
O depoimento de Maria Luiza foi anexado ao novo inquérito aberto anteontem pelo promotor de Justiça de São Luís
José Osmar Alves, para investigar a Itumar. O promotor também determinou que a Secretaria de Fazenda do Maranhão faça uma auditoria fiscal na Bemar. Ele deverá pedir a quebra
de sigilo bancário dessa empresa (hoje inativa) e da Itumar.
As declarações de Maria Luiza em 2006 ocorreram em um
dos inquéritos abertos para
apurar suposta fraude fiscal da
Itumar. Em 1998, Lobão Filho
transferiu suas ações da Bemar
para a empregada doméstica
Maria Lúcia Martins, 40, que
trabalhava na casa de Luiza.
Outra parte das ações foi para Ana Maria dos Santos, sogra
de Marco Aurélio, irmão de
Costa. As assinaturas de Maria
Lúcia e Ana Maria foram falsificadas na transferência das
ações na Junta Comercial, diz
laudo da PF. Lobão Filho diz
que a responsabilidade pela
transferência das cotas para
Maria Lúcia é de Costa. Segundo Maria Luiza, Lobão Filho injetou na Bemar "em torno de
R$ 500 mil em dinheiro e
R$ 250 mil em equipamentos".
Texto Anterior: Longo prazo: Mangabeira Unger nega ter plano para construir aqueduto Próximo Texto: Outro lado: Empresário nega que tenha havido fraude na Bemar Índice
|