São Paulo, sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

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Assembléia do Acre paga passeio de iate

Viagem de 4.375 km pelos rios Juruá e Solimões teve 5 deputados estaduais

Segundo a Casa, R$ 40 mil foram gastos; deputado diz que objetivo era observar as margens, afetadas pela "ocupação de ribeirinhos"

MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA

Em pleno recesso, a Assembléia Legislativa do Acre promoveu um passeio de iate pela Amazônia que levou deputados, empresários, representantes indígenas e jornalistas para "conhecer de perto os problemas dos rios" da região.
O custo da "expedição" foi de cerca de R$ 40 mil, de acordo com a Assembléia.
Ao todo 24 pessoas, entre elas cinco deputados estaduais, percorreram 4.375 quilômetros dos rios Juruá e Solimões. Saíram de Cruzeiro do Sul (590 km de Rio Branco) em 3 de janeiro e chegaram a Manaus no dia 12. Um dos convidados, o deputado Juarez Leitão (PT), levou a mulher e dois filhos.
Durante a expedição, os convidados conheceram as cidades ribeirinhas, fizeram mergulhos, nadaram, pescaram, jogaram dama, xadrez e ouviram apresentação de violão.
Na viagem, um tronco que havia caído no rio após uma chuva avariou o eixo do barco, que teve de ser rebocado.
A diária da embarcação é de R$ 3.250, segundo o presidente da Casa, deputado Edvaldo Magalhães (PC do B).
O iate, chamado Igaratim-Açu, possui 32 metros de comprimento e 6,5 metros de largura. Tem 14 cabines com ar-condicionado e suíte, salões de refeição e de vídeo, além de antena parabólica e GPS.
Segundo um gerente operacional de viagens da região, que pediu para não ser identificado, em uma viagem entre Manaus e Cruzeiro do Sul seriam gastos R$ 40 mil só com diesel. Ele avalia que os custos da viagem sejam de R$ 160 mil.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Acre, Florindo Poersch, disse que um requerimento será protocolado hoje na Assembléia pedindo esclarecimentos sobre a viagem. "Se for caracterizado algo ilícito, providenciaremos uma ação para devolução do dinheiro."
O presidente da Assembléia rebateu as críticas. Segundo ele, o objetivo da viagem era que a comitiva observasse a situação das margens dos rios e da mata ciliar "comprometida com a ocupação de ribeirinhos". "Não adianta investir em asfalto se não levarmos em conta a situação dos rios. Depois da viagem, podemos debater e votar propostas", disse.
Ele disse que irá sugerir que o trajeto percorrido se torne um roteiro turístico.


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