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Assembléia do Acre paga passeio de iate
Viagem de 4.375 km pelos rios Juruá e Solimões teve 5 deputados estaduais
Segundo a Casa, R$ 40 mil foram gastos; deputado diz que objetivo era observar
as margens, afetadas pela "ocupação de ribeirinhos"
MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA
Em pleno recesso, a Assembléia Legislativa do Acre promoveu um passeio de iate pela
Amazônia que levou deputados, empresários, representantes indígenas e jornalistas para
"conhecer de perto os problemas dos rios" da região.
O custo da "expedição" foi de
cerca de R$ 40 mil, de acordo
com a Assembléia.
Ao todo 24 pessoas, entre
elas cinco deputados estaduais,
percorreram 4.375 quilômetros dos rios Juruá e Solimões.
Saíram de Cruzeiro do Sul (590
km de Rio Branco) em 3 de janeiro e chegaram a Manaus no
dia 12. Um dos convidados, o
deputado Juarez Leitão (PT),
levou a mulher e dois filhos.
Durante a expedição, os convidados conheceram as cidades
ribeirinhas, fizeram mergulhos, nadaram, pescaram, jogaram dama, xadrez e ouviram
apresentação de violão.
Na viagem, um tronco que
havia caído no rio após uma
chuva avariou o eixo do barco,
que teve de ser rebocado.
A diária da embarcação é de
R$ 3.250, segundo o presidente
da Casa, deputado Edvaldo Magalhães (PC do B).
O iate, chamado Igaratim-Açu, possui 32 metros de comprimento e 6,5 metros de largura. Tem 14 cabines com ar-condicionado e suíte, salões de refeição e de vídeo, além de antena parabólica e GPS.
Segundo um gerente operacional de viagens da região, que
pediu para não ser identificado,
em uma viagem entre Manaus
e Cruzeiro do Sul seriam gastos
R$ 40 mil só com diesel. Ele
avalia que os custos da viagem
sejam de R$ 160 mil.
O presidente da Ordem dos
Advogados do Brasil no Acre,
Florindo Poersch, disse que um
requerimento será protocolado
hoje na Assembléia pedindo esclarecimentos sobre a viagem.
"Se for caracterizado algo ilícito, providenciaremos uma ação
para devolução do dinheiro."
O presidente da Assembléia
rebateu as críticas. Segundo
ele, o objetivo da viagem era
que a comitiva observasse a situação das margens dos rios e
da mata ciliar "comprometida
com a ocupação de ribeirinhos". "Não adianta investir
em asfalto se não levarmos em
conta a situação dos rios. Depois da viagem, podemos debater e votar propostas", disse.
Ele disse que irá sugerir que o
trajeto percorrido se torne um
roteiro turístico.
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