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Governo aumenta gasto com publicidade em 20% em 2010
Medida fere limite fixado pela lei, que proíbe elevação da verba em ano eleitoral
Secretaria de Comunicação da Presidência afirma que não vai usar integralmente as autorizações de gastos e, assim, respeitar a legislação
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Contrariando limites impostos pela legislação eleitoral, o
governo Lula prevê o aumento
de 20% dos gastos de publicidade no ano da eleição do seu sucessor. Os números estão na lei
orçamentária, que o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva sancionará nesta semana, com autorizações de gastos para 2010.
A Lei Eleitoral determina
que, em ano de pleito, as despesas com publicidade dos órgãos
públicos não podem ultrapassar a média dos três anos anteriores ou o valor gasto no ano
imediatamente anterior. O limite do governo federal leva
em conta ainda os gastos das
empresas estatais, cujos números ainda não estão disponíveis.
A Secretaria de Comunicação da Presidência informou
que o governo não usará integralmente as autorizações de
gastos para 2010, de forma a
respeitar os limites impostos
pela legislação eleitoral.
No caso dos números de gastos com publicidade institucional e de utilidade pública na administração direta, a lei orçamentária aprovada pelo Congresso reitera a proposta original do governo. Estão autorizados gastos de R$ 699,1 milhões,
20% a mais do que o valor desembolsado no ano passado, de
acordo com dados da Secom.
O que a Secom diz que fará
em 2010 é bem diferente do
que ocorreu em 2009. No ano
passado, o governo ultrapassou
a autorização inicial de gastos
aprovada pelo Congresso. Na
publicidade institucional, que
cuida da imagem do governo,
foram gastos R$ 158,1 milhões.
A autorização inicial era 14%
inferior, de R$ 139 milhões.
O aumento é atribuído pela
Secom, em parte, a investimentos feitos em ações no exterior
e à realização de pesquisas de
opinião, nas quais teriam sido
gastos R$ 5 milhões.
O governo acena em respeitar, na administração direta, o
limite dos gastos registrados no
ano passado, de R$ 583,2 milhões. Esse valor é superior à
média dos últimos três anos, de
R$ 410,3 milhões, a outra alternativa de limite imposta pela
legislação eleitoral.
A lei que estabelece regras
para o pleito também proíbe a
publicidade institucional do
governo a partir de julho. No
período de três meses antes das
eleições, a publicidade oficial só
está autorizada para produtos e
serviços que disputam mercado ou em caso de "grave e urgente" necessidade pública,
previamente reconhecida pela
Justiça Eleitoral.
Em discurso há pouco mais
de um mês, Lula disse que o ano
eleitoral não o levaria a gastar
mais. "Não é porque tem eleição que vamos gastar mais no
ano que vem", afirmou, diante
do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.
Mas, ao sancionar a Lei de
Diretrizes Orçamentárias, vetou limites aos gastos com publicidade. Esse veto não altera,
porém, o que diz a lei eleitoral.
Nas campanhas de caráter
institucional levadas ao ar recentemente, o governo apresentou impactos de programas
sociais, como o Bolsa Família, e
de ações que contribuíram para
a redução das desigualdades sociais -que devem ser um dos
pilares da campanha da candidata de Lula, Dilma Rousseff.
A agência Matisse foi a que
recebeu o maior volume de pagamentos, de acordo com o
Portal da Transparência.
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