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Cabral ficou 5 meses do mandato no exterior
Média de dias do governador fora do Brasil supera a do ex-presidente FHC; gastos com viagens passam de R$ 4,5 mi
Para governo, idas ao exterior promoveram novos negócios para o Estado; política de intervenções em favelas veio "importada" da Colômbia
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB),
passou 158 dias de seu mandato
no exterior. Isso corresponde a
mais de cinco meses e a 15% dos
três anos que está à frente do
Estado.
Em 2007, ao assumir o cargo,
o governador atingiu o seu recorde, 61 dias -mais tempo fora do Brasil que o próprio presidente da República e aliado,
Luiz Inácio Lula da Silva.
Nos dois anos seguintes, Cabral reduziu o ritmo e esteve
menos presente no estrangeiro, porém sempre passou, na
soma, mais de um mês e meio
fora do país. Em 2008, foram
48 dias; no ano passado, 49.
A média do governador entre
2007 e 2009 é de 53 dias fora do
país por ano, apenas seis dias
inferior à de Lula, o presidente
na história do Brasil que mais
tempo passou no exterior. Lula
esteve em viagens internacionais 412 dias de seus sete anos,
em dois mandatos.
O governador, porém, supera
com folga o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que
viajou 347 dias de seus oito
anos de gestão -43 dias por
ano fora do Brasil. À época,
FHC sofreu muitas criticas por
esse motivo.
Em evento no Palácio Guanabara na semana passada, Cabral admitiu que viaja bastante,
mas reafirmou que suas idas ao
exterior são positivas para o Estado e que ele não deixará de fazê-las, em benefício do Rio.
"Viajo muito e vou continuar
a viajar. Cada viagem é uma Copa [do Mundo], uma Olimpíada, é um projeto que a gente
traz. A gente trabalha muito
quando viaja", argumentou.
Mais Europa
Em suas andanças pelo mundo, Cabral conheceu países de
ao menos três continentes, embora a predominância seja na
Europa. Nas Américas, passou
por Colômbia, Argentina e Estados Unidos; na Europa, visitou Inglaterra, França, Dinamarca, Portugal, Itália, Suíça,
Alemanha, Grécia, Dinamarca
e Turquia; na Ásia, visitou China, Cingapura, Japão e Coreia
do Sul.
Nos primeiros nove meses de
2007, o chefe do Executivo fluminense ainda tirou duas férias
de uma semana cada, para passeios internacionais particulares -foi a Saint Barth (ilha no
Caribe) e a Paris.
Como símbolo da importância que Cabral dá às gestões no
exterior, ele elevou o status da
Coordenadoria de Assuntos Internacionais, que virou a Subsecretaria de Relações Internacionais, passando a integrar a
Casa Civil.
A subsecretaria é dirigida pelo diplomata Ernesto Rubarth,
do Itamaraty, que acompanha
o governador no exterior.
Só em 2009, a gestão Sérgio
Cabral gastou com diárias fora
do país quase tanto quanto a
antecessora Rosinha Matheus
em todo o seu mandato (2003-2006).
As despesas do Estado com o
pagamento de subsídios (hospedagem e alimentação) no estrangeiro para governador, secretários, funcionários e assessores somou quase R$ 4,5 milhões nos últimos três anos
-R$ 2,3 milhões no ano passado, R$ 1,5 milhão em 2008 e
mais R$ 735 mil em 2007 (valor
corrigido).
O montante de gastos, no entanto, não inclui despesas com
passagens aéreas.
Benefícios
De acordo com a assessoria
do Estado, as viagens internacionais do governador e de outros membros do governo resultaram em inúmeros benefícios para o Rio. A principal conquista apontada como fruto
dessas missões é ter o Rio como
sede da Olimpíada de 2016.
A ida à Colômbia é citada como inspiração para a política de
intervenções em favelas, com
uso de teleférico, além de intercâmbio na área de segurança.
A assessoria destacou ainda
que o Rio voltou a ser cortejado
por grandes empresas. Citou o
investimento de US$ 800 milhões feito pela Michelin para
ampliação de fábrica de pneus,
onde 20 mil novos postos de
trabalho estão sendo criados.
Para o governo, até a possível
vinda do trem-bala está relacionada às viagens de Cabral.
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