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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Prefeito de São Paulo se reuniu com FHC, Aécio e Tasso em restaurante, deixando Alckmin em evento organizado pelo partido
Serra pede ao PSDB garantias para concorrer
DA REPORTAGEM LOCAL
O comando do PSDB se apressou ontem para minimizar o mal-estar provocado pelo indigesto
jantar da noite de quinta-feira,
quando a cúpula do partido deixou o governador Geraldo Alckmin numa churrascaria no Morumbi para se reunir com o prefeito de São Paulo, José Serra,
num tradicional restaurante dos
Jardins. No jantar, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o
governador de Minas, Aécio Neves, e o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), insistiram para que Serra se decida logo
depois do Carnaval.
Serra teria se comprometido a
dar sua resposta ainda na primeira quinzena de março. Segundo
tucanos, o prefeito revelou apetite
para a disputa. Mas, mostrando
hesitação, teria condicionado
qualquer gesto à garantia de que o
partido não irá rachado para a
campanha presidencial. Além das
dúvidas a respeito da renúncia,
Serra alegou que uma disputa interna seria desgastante.
A decisão dependerá ainda da
avaliação das pesquisas. Ontem,
FHC, Aécio e Tasso se reuniram
no Rio com o consultor Antônio
Lavareda para análise de mais
uma rodada quinzenal de pesquisas encomendadas pelo partido.
Na quinta-feira, os três deixaram a confraternização promovida numa churrascaria do Morumbi pela bancada do PSDB na
Câmara por volta das 23h, negando qualquer encontro. "Vou para
casa. É a idade", afirmou FHC, enquanto Alckmin ocupava uma
mesa periférica da churrascaria,
onde o rodízio custa R$ 15,90.
Numa festa para 450 pessoas, foi
o ex-ministro da Educação Paulo
Renato Souza quem se sentou ao
lado do governador.
Serra saiu logo depois. No restaurante Massimo, o quarteto
consumiu espaguete com paleta
de cordeiro, prato que custa
R$ 86. O encontro foi regado a vinho. Foram servidas uma garrafa
de Amarona Della Valpolicella,
corte Santa Alda, safra 95, e um
Gregoletto, safra 99, da cave Colli
Trevigiani. O preço dos dois soma
R$ 600. Tasso pagou a conta.
À saída, à 1h35, FHC não pestanejou ao responder onde estava o
governador. "No Palácio." Em
menos de cinco minutos, o grupo
apresentou três diferentes explicações para a ausência. "Ele disse
que tinha de levantar cedo amanhã", afirmou FHC. "Marcamos
um jantar com ele na terça-feira",
emendou Aécio Neves.
Logo depois, FHC alegou que a
intenção do comando partidário
era se encontrar com Alckmin na
véspera. Mas o jantar teria sido
cancelado porque o governador
tinha viagem a Santa Catarina.
"Diz aí que convidei ele ontem.
Conta tudo. Que o Geraldo não
pôde ontem", insistiu FHC, descartando que aquele tivesse sido
um jantar em apoio a Serra."Imagine... E o jantar de ontem era de
apoio ao Geraldo? Não era. É conversa. Política é conversa."
Ontem, no PSDB, prevaleceu a
versão de que Alckmin recusara o
convite da véspera. Embora admita não ter sido convidado, ele
disse que não se sentiu preterido.
"Conversar é sempre positivo,
conversa com um, conversa com
outro, conversa com os dois, nenhum problema, isso é normal."
Posse
Alckmin participou ontem,
com Serra, da posse do urologista
Miguel Srougi como professor titular da Faculdade de Medicina
da USP. Estavam lá o vice-presidente José Alencar (PRB), o senador baiano Antônio Carlos Magalhães (PFL), além de outros governadores e parlamentares.
Estudantes da USP protestaram
contra Alckmin durante a cerimônia. Eles reclamavam do veto
do governador ao aumento de um
ponto percentual nas verbas destinadas à educação neste ano.
Alckmin reproduziu a versão de
que jantaria com a cúpula do
PSDB na última quarta-feira, mas
o encontro foi adiado. A reunião
acontecerá na semana que vem.
Serra negou que o encontro tenha sido feito propositadamente
sem conhecimento de Alckmin.
"Se alguém quisesse fazer uma
reunião secreta não iria a um restaurante conhecido."
A despeito da disputa tucana,
Alencar disse que tem "segurança" que Lula será reeleito.
Antes de ir embora, FHC disse
que o jantar era uma comemoração da eleição do líder do PSDB
na Câmara. Como o eleito, Jutahy
Magalhães (BA), não estava, justificou: "O amor é tanto que a gente
comemora até na ausência".
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