São Paulo, domingo, 18 de março de 2001

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GOVERNO

Uma das propostas é transformá-la em agência de fomento; tal medida pode ser extensiva à Sudam

Estados criticam a extinção da Sudene

DA AGÊNCIA FOLHA

Os governadores dos nove Estados do Nordeste vão dizer ao ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, em reunião na terça-feira, em Recife, que são contra a extinção da Sudene, mas que querem uma reestruturação da autarquia.
A proposta de transformação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste em uma agência de fomento faz parte da "Agenda de Governo: Biênio 2001-2002", que resume as ações futuras do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso para o restante de seu mandato.
A extinção da Sudene, assim como a da Sudam (Superintendência do Desenvolvimento do Amazonas), é estudada pelo presidente da República desde 1998, mas sempre foi arquivada devido às pressões de políticos da região.
A idéia foi reativada quando se constatou o desvio de R$ 108,6 milhões em projetos da Sudam, o que resultou na demissão de toda a sua diretoria.
Bezerra não divulgou detalhes da proposta, mas FHC quer anunciar os novos órgãos até o final de março. A idéia do presidente é criá-los por meio de projeto de lei.
A reunião em Recife foi articulada pelo governador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), depois de conversar com os governadores Tasso Jereissati (PSDB-CE) e César Borges (PFL-BA). "Não se pode pensar em reestruturar um órgão como a Sudene, que tem um conselho deliberativo do qual fazem parte os governadores do Nordeste, sem ouvir a opinião deles", diz Vasconcelos.
Jereissati diz que reconhece um "viés paternalista" na ação da Sudene, mas defende uma reestruturação que direcione seus investimentos para a superação do desequilíbrio entre as economias do Nordeste e do restante do país.
O governador cearense avalia que a extinção do órgão seja o caminho menos indicado para isso.
Os outros governadores da região têm opiniões semelhantes.
Albano Franco (PSDB), governador de Sergipe, diz que conversou com FHC sobre o assunto, na última sexta-feira, na visita que o presidente fez ao seu Estado.
"O presidente nos tranquilizou bastante. Ele disse que a Sudene poderá mudar de nome, poderá mudar a estrutura, mas continuará existindo."
O governador da Paraíba, José Maranhão (PMDB), afirmou que a extinção da Sudene seria "mais um golpe na região Nordeste, que vem sofrendo um esvaziamento político ao longo do tempo".
Segundo ele, os problemas não estão na estrutura da superintendência, mas no posicionamento político de FHC, que não daria a devida importância ao órgão.
O governador da Bahia avalia que a Sudene esteja sendo esvaziada no governo FHC e critica o fato de sua extinção ser divulgada ao mesmo tempo em que a da Sudam. "A Sudene não merece estar no mesmo saco da corrupção que ocorre na Sudam. Duvido que o governo acabe com o BNDES, que tem 85% dos seus recursos aplicados na regiões Sul e Sudeste, caso encontre corrupção por lá."
O líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), diz que os governadores nordestinos devem ficar otimistas porque, na discussão do projeto de lei que reestrutura a Sudene, o Congresso será "sensível" às suas preocupações.



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