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AMAZÔNIA
Objetivo do projeto é a ocupação de uma das regiões menos habitadas do país, com apenas 1,2% da população
Quintão quer elevar verba do Calha Norte
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Defesa, Geraldo
Quintão, fará nesta semana uma
visita a nove unidades militares
na Amazônia. O objetivo é coletar
informações para propor um aumento do orçamento do Projeto
Calha Norte, que recebeu uma
previsão de menos de R$ 6 milhões neste ano, conforme o projeto inicial do governo.
O Calha Norte foi criado em
1985, pelo então presidente José
Sarney. Seu objetivo era ocupar
uma das regiões menos habitadas
do país (apenas 1,2% da população) e com uma extensão equivalente a duas vezes o território da
França. Só de fronteira com outros países, a área do Calha Norte
tem 5.993 km.
Até agora, o projeto consumiu o
equivalente a US$ 168,5 milhões.
Mas a grande parte dos investimentos se deu até 1990 (US$ 109
milhões de 86 a 90).
Durante o governo FHC, as verbas foram minguando. Em 99, o
Calha Norte recebeu apenas US$
676 mil. Os valores estão em dólares porque o Ministério da Defesa
divulga os valores nessa moeda.
Agora, conforme aponta um
documento anunciando a viagem
de Quintão à Amazônia, há interesse do governo em "desfazer comentários sobre o abandono da
região e a possibilidade de o tráfico de drogas e de produtos químicos terem ali trânsito fácil".
Já no ano passado, o Calha Norte recebeu o equivalente a US$
13,9 milhões de investimento.
Inspeção
Na sua viagem, Quintão deve visitar as unidades do Calha Norte
nos Estados do Amazonas e Roraima. Em Pari-Cachoeira, o ministro inspecionará os pelotões
próximos à fronteira com a Colômbia. Ainda estão sendo realizadas obras de infra-estrutura, inclusive uma pequena central elétrica, ao preço de R$ 600 mil.
A central elétrica de Pari-Cachoeira deverá servir não apenas
aos soldados do pelotão, mas
também a cerca de 3.000 pessoas
que vivem na região.
O Calha Norte tem o objetivo de
promover a "vivificação" da região, conforme o jargão usado no
meio militar. A idéia é que as 17
unidades já implantadas e as cinco em fase de implantação se
transformem em núcleos urbanos no futuro.
Quintão também visitará o local
da eventual instalação de um pelotão em Uiramutã, em Roraima,
na fronteira com a Guiana. As
obras de infra-estrutura foram
embargadas por uma liminar (decisão provisória da Justiça), pois
trata-se de território ocupado por
índios.
O Ministério da Defesa tem procurado melhorar o relacionamento com os habitantes da região.
Em Maturacá, no Amazonas,
Quintão deve entregar aos índios
ianomamis um trator, um caminhão, duas caixas d"água, com rede hidráulica e poço artesiano
-tudo isso requisitado pelo cacique em outra visita que o ministro
fez ao local, no ano passado.
Além das obras para os cinco
novos pelotões, o Calha Norte
tem convênios com 73 municípios da região para a construção
de escolas, postos de saúde e usinas hidrelétricas.
Geraldo Quintão assumiu o cargo de ministro da Defesa em janeiro do ano passado. Essa é a sua
segunda visita ao Projeto Calha
Norte.
Quintão é o segundo ministro
da Defesa (substituiu Elcio Alvares). A pasta foi criada em janeiro
de 1999 pelo presidente Fernando
Henrique Cardoso, mas só foi
aprovada pelo Congresso em junho do mesmo ano. Depois da
criação do Ministério da Defesa,
os ministros militares (Exército,
Marinha e Aeronáutica) perderam o status de ministros e passaram apenas a comandantes de
suas respectivas forças.
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