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Fome Zero "toma" ações já realizadas
por outras pastas
ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Manual detalhado do Fome Zero informa que o programa pretende abranger, além de ações
emergenciais contra a fome e contra a pobreza, políticas voltadas
para a geração de emprego e renda, incentivo à agricultura familiar, reforma agrária, combate à
seca e alfabetização. Só não explica que essas ações já são executadas por ministérios específicos,
sem a marca do Fome Zero.
A abrangência do programa social mais importante e mais criticado do governo para outras
áreas faz parte de uma das 96 respostas listadas pela equipe do ministro José Graziano (Fome Zero)
para as dúvidas mais comuns levantadas por especialistas, potenciais contribuidores e cidadãos
comuns. Uma delas é justamente
sobre a superposição de funções,
que continua sem resposta.
Além das 96 perguntas, mais de
50 outras foram incluídas no
"script" do call center que atenderá a ligações de qualquer pessoa,
de qualquer lugar, sobre o programa. Ontem, em caráter experimental, o call center entrou em
funcionamento.
Esse serviço foi sugerido pela
área técnica e passou pelo pente-fino do marqueteiro Duda Mendonça, responsável pela campanha eleitoral do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e hoje apresentado como colaborador informal do governo.
Recursos
Pelo longo texto de perguntas e
respostas, que originalmente serve de orientação para os operadores do call center, o programa terá
recursos de R$ 1,8 bilhão em 2003,
para atender mais de mil municípios do semi-árido nordestino,
além de lixões das grandes cidades, famílias acampadas, áreas indígenas e quilombolas.
A expectativa é de que "o conjunto de políticas" do Fome Zero
(incluindo reforma agrária, alfabetização, etc.) beneficie as mesmas 1,2 milhão de famílias, cadastradas pelos programas herdados
do governo passado, como Bolsa-Renda, Bolsa-Escola e Bolsa-Alimentação.
Uma das perguntas é estritamente política: "Por que o governo atual escolheu utilizar as informações dos programas do governo anterior?".
Resposta apontada pelo Fome
Zero para os operadores: "As informações constantes dos atuais
programas sociais serão utilizadas num primeiro momento e
posteriormente serão avaliadas e
verificadas com o objetivo de
aperfeiçoar a sistemática". Ou seja, a equipe de Graziano não aceita admitir méritos nos programas
de FHC.
No detalhamento de ações -ou
intenções- foram listados, por
exemplo, a ampliação da merenda escolar (dobrando o valor por
criança da pré-escola), Cartão-Alimentação (distribuído para famílias e sujeito a recibos), construção de restaurantes populares
(ao custo de R$ 1 e R$ 2) e programas específicos de transferência
de renda para famílias rurais de
regiões atingidas pela seca.
O conjunto de perguntas e respostas também serve de base para
a campanha de televisão que o Fome Zero veiculará, gratuitamente,
pela televisão e pelo rádio. O início da campanha estava previsto
para ontem, mas houve divergências de última hora. Uma delas:
Duda Mendonça não gostou da
voz do locutor escolhido.
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