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GOVERNO EM DISPUTA
Sete dos oito maiores partidos aliados pedem mudanças
Base governista cobra novo rumo na política econômica
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sete dos oito maiores partidos
que dão sustentação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva são críticos do atual estágio da política
econômica federal e cobram mudança de rumo na pasta comandada pelo ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda).
A Folha procurou nos últimos
dias o comando dos oito principais partidos governistas e só não
ouviu reivindicação de alteração
de rota do PTB de Roberto Jefferson, para quem todas as críticas
têm motivação eleitoral.
No início da semana, a crítica
mais contundente partiu de Valdemar Costa Neto, presidente do
PL, que chegou a pedir a saída de
Palocci e de Henrique Meirelles,
presidente do Banco Central.
"Ele [o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva] tem de trocar o ministro Palocci por alguém que tenha competência para o cargo. O
Palocci tem competência para ser
prefeito de Ribeirão Preto [SP],
não para ser ministro da Fazenda", disse Costa Neto.
"A área econômica não pode ficar pagando R$ 145 bilhões de juros de dívida externa e não fazer
nenhum investimento no Brasil.
Ou a área econômica se dispõe a
negociar essa dívida externa ou
nós vamos para o caos", afirmou
o presidente do PP, Pedro Corrêa,
que dirige a quarta maior bancada de deputados federais. Na verdade, os R$ 145 bilhões de juros
pagos no ano passado se referem
ao endividamento total (interno e
externo) do setor público (União,
Estados, municípios e estatais).
"Vamos controlar a inflação,
mas não vamos fazer do controle
da inflação o impedimento do
crescimento econômico do país",
reforçou o presidente do PMDB,
Michel Temer, que comanda a
maior bancada de senadores e a
segunda maior na Câmara.
A constatação da oposição dos
aliados à política econômica de
Palocci (quase 90% da base aliada) surge no momento em que o
presidente Lula cobra dos principais ministros e aliados apoio ao
titular da Fazenda.
Essa preocupação palaciana ficou explícita nas palavras do ministro José Dirceu (Casa Civil),
que repetiu por duas vezes na noite de anteontem que "não haverá
mudança na política econômica
contra Palocci".
São três as principais alterações
defendidas pelos sete partidos governistas: redução da taxa de juros básica da economia (16,25%
após a reunião de ontem do Comitê de Política Monetária do BC)
e do superávit primário (4,25% do
Produto Interno Bruto), usado
para o pagamento de juros da dívida, e aumento na meta de inflação para este ano, hoje em 5,5%.
O presidente do PPS, Roberto
Freire, lembra que o partido cobra essas mudanças desde maio
do ano passado. "É preciso que o
governo exerça o poder concreto
em um pacto de renegociação para que o país volte a respirar algum crescimento", disse.
Para o presidente do PC do B,
Renato Rabelo, é urgente destravar os investimentos. Segundo
ele, o governo corrigirá o rumo.
"Avaliamos que o governo está
no rumo certo, mas falta um pouco mais de velocidade", disse o secretário-geral do PSB, Renato Casagrande, líder da bancada na Câmara. Ele defende queda mais rápida dos juros, além da diminuição do superávit para investir em
setores estruturantes.
O PL do deputado Valdemar
Costa Neto (SP), presidente da legenda, protagonizou nos últimos
dias um embate com o governo
depois das declarações do deputado pedindo a cabeça de Palocci.
O partido se retratou do pedido
de demissão, mas manteve a crítica à política de juros.
Liberais dizem ter seguido a onda aberta pelo PT, que no último
dia 5 divulgou nota pedindo mudanças na economia. "Algumas
das mudanças já estão sendo executadas, outras virão com a prioridade do crescimento econômico", afirmou José Genoino, presidente do PT.
Só Roberto Jefferson, presidente do PTB, defendeu a política
econômica: "Chegam as eleições e
todos querem bater no ministro
da Fazenda. Acabou a eleição, todos vão gritar "viva Palocci" por
mais um ano".
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