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CAMPO MINADO
IML diz que policial militar morreu com dois tiros na cabeça
PM morto em área do MST
foi torturado, afirma laudo
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
O policial militar assassinado no
dia 5 de fevereiro em um assentamento controlado pelo MST, em
Quipapá (200 km de Recife), foi
torturado e espancado antes de
ser morto, possivelmente de joelhos, com dois tiros na cabeça.
A conclusão foi divulgada ontem pelo IML (Instituto Médico
Legal) durante o primeiro dia da
CPI (Comissão Parlamentar de
Inquérito) da Assembléia Legislativa que investiga a violência no
campo e as suspeitas de desvio e
má utilização de recursos públicos pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
O laudo do IML, baseado em
exames no corpo exumado, diz
que o soldado da Polícia Militar
Luiz Pereira da Silva, 38, sofreu 19
ferimentos provocados por "objetos contundentes" na cabeça, tórax, abdome e membros. Dezesseis deles antes de ser assassinado.
O exame revelou ainda que o
policial foi baleado provavelmente de joelhos, pois os tiros atingiram a cabeça de cima para baixo.
Os disparos partiram de uma
pistola calibre 40, de uso exclusivo
da PM. O soldado estava acompanhado de mais dois PMs, o sargento Cícero Jacinto da Silva e o
soldado Adilson Alves Aroeira. O
sargento foi espancado e feito refém. Aroeira conseguiu fugir.
Eles trabalhavam no serviço de
inteligência da corporação. Vestiam roupas civis e estavam em
um carro comum. Entraram no
assentamento e foram cercados
pelos lavradores quando perseguiam o ex-coordenador do MST
José Ricardo de Oliveira Rodrigues, suspeito de assaltos e acusado em cinco inquéritos.
Rodrigues nega envolvimento
na morte do soldado. Ontem, ele
depôs na CPI e voltou a acusar o
principal líder do movimento no
Estado, Jaime Amorim, de participação em esquemas de desvio
de dinheiro público. Afirmou
também que sofreu ameaças do
dirigente e disse que os três policiais pretendiam matá-lo.
Ainda segundo ele, Amorim
concentrava obras em determinadas empresas e superfaturava preços. Preso, Rodrigues foi desligado do movimento. Amorim não
foi encontrado para comentar.
À tarde, Ricardo voltou a depor,
mas desta vez em acareação com
o sargento torturado.
O policial negou as acusações,
mas teve uma de suas declarações
desmentida pela ex-promotora
de Lagoa dos Gatos (170 km de
Recife), Márcia Cordeiro.
Sobre uma ação policial feita
por ele num assentamento em Belém de Maria (179 km de Recife),
o sargento disse que atendia a pedido do Ministério Público Estadual. Cordeiro, que à época respondia pela região, estava na platéia e negou ter solicitado a ação.
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