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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PALOCCI EM APUROS
Francenildo afirma ter se sentido um "zé-ninguém" com invasão bancária e que depósitos foram feitos por seu pai; advogado quer processar a Caixa
Caseiro protesta contra violação de sigilo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A divulgação de dados da movimentação bancária do caseiro
Francenildo dos Santos Costa, 24,
levou seu advogado a analisar
uma possível ação judicial contra
a Caixa Econômica Federal por
vazamento de dados sigilosos.
O caseiro recebeu depósitos em
sua conta pessoal na Caixa desde
janeiro deste ano. O caseiro e seu
advogado, Wlício Chaveiro Nascimento, afirmaram na noite de
ontem, em entrevista coletiva,
que a origem dos recursos é lícita,
fruto de uma doação familiar.
O depositante é o empresário de
ônibus Eurípedes Soares, de Teresina (PI). Segundo o caseiro, ele é
seu pai legítimo, embora não tenha reconhecido a paternidade. O
advogado de Francenildo disse
que vai pedir o teste de DNA.
Em janeiro (dois meses antes de
seu depoimento à CPI), Francenildo se encontrou com o empresário em Teresina. Soares decidiu
dar a ele R$ 30 mil "para seguir
sua vida". Ouvido pela revista
"Época", que divulgou os dados
de Francenildo, o empresário
confirmou ter feito os depósitos,
mas não assumiu a paternidade.
O caseiro disse se sentir inseguro com a invasão de seus dados.
"Mexeram nas minhas contas. O
que posso esperar mais?", disse.
"Me sinto um zé-ninguém. Pode
vir dinheiro e dinheiro, mas a minha honestidade não se compra."
Com documentos bancários
originais, o advogado demonstrou que Francenildo recebeu cerca de R$ 25 mil, e não R$ 38 mil,
como divulgou a revista. A diferença deve-se a retiradas que voltaram para a conta dias depois. O
caseiro disse que tirou o dinheiro
para comprar um carro ou um lote, mas depois desistiu e depositou de novo os valores.
Ao ser informada da divulgação
de dados do caseiro protegidos
pelo sigilo bancário, a assessoria
de imprensa da Caixa Econômica
Federal informou que se for constatado que houve quebra de sigilo
de forma ilegal, já que não há decisão judicial nesse sentido, será
aberto um procedimento de averiguação interna.
Conforme a legislação, depósitos em dinheiro superiores a R$ 10
mil devem ser informados pelos
bancos ao Conselho de Controle
de Atividades Financeiras, ligado
ao Ministério da Fazenda.
O advogado e Francenildo divulgaram a origem dos depósitos
para afastar especulações de que o
caseiro teria sido remunerado para fazer as revelações.
O caseiro disse que a divulgação
de seus dados bancários não o fará mudar as declarações que mostraram as contradições do ministro Palocci. "Não volto atrás. Tenho orgulho do meu serviço [na
casa do lobby, em Brasília]. Apesar de ser um dinheiro sujo, eu estava trabalhando", afirmou.
O caseiro, que ingressou no serviço de proteção da PF na tarde da
quinta-feira, a pedido da CPI dos
Bingos, dispensou a segurança na
manhã de ontem, menos de 24
horas depois.
Segundo seu advogado, o caseiro tomou a decisão porque se sentia tolhido em sua liberdade por
ser constantemente seguido por
policiais federais. "Ele disse que
não havia matado ninguém e que
não podia viver como prisioneiro", disse Nascimento.
Segundo a PF, para se manter
no serviço de proteção, a testemunha deve se enquadrar rigidamente nas condições previstas.
Porém, diz, o caseiro não seguiu
as recomendações. Francenildo
dormiu anteontem numa das casas que a PF mantém em Brasília
para preservar as testemunhas.
Ao ser informada da divulgação
de dados do caseiro protegidos
pelo sigilo bancário, a assessoria
de imprensa da Caixa Econômica
Federal informou que, se for
constatado que houve quebra de
sigilo de forma ilegal, já que não
há decisão judicial nesse sentido,
será aberto um procedimento de
averiguação interna.
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