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Elio Gaspari
A prova de 2007 foi colada. Era de 2003
Vinte perguntas de biologia, todas idênticas, foram recicladas e mantidas na mesma seqüência
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ALUNO COLANDO em prova é coisa
velha. Professor de banca examinadora colando prova velha é
novidade. Vinte perguntas de um dos
exames do concurso público realizado
no dia 11 pelo Ibam, Instituto Brasileiro
de Administração Municipal, para a
Fundação de Saúde de Niterói, foram
grosseiramente copiadas de uma prova
de 2003, dada em Campinas.
A cola foi descoberta por um candidato. Num exemplo de responsabilidade pública e individual, ao saber da denúncia, o Ibam confirmou a impropriedade, destituiu a banca e pediu explicações ao autor das questões. O professor
Antonio Luiz Almada Horta, da UFRJ,
admitiu o erro e externou seu arrependimento. Ele fora o autor das perguntas
aplicadas na prova de Campinas e simplesmente reutilizou-as, apesar de ter
sido contratado para formular questões inéditas. O caso foi esclarecido em
apenas três dias.
As provas de Niterói tiveram 29 mil
candidatos, quase todos jovens, disputando salários de R$ 488 a R$ 1.128.
Gente que estudou para amarrar seu
futuro a um trabalho, acreditando que
está num mundo que os respeita. A primeira surpresa veio quando o exame
foi anulado por suspeita de quebra do
sigilo pela abertura indevida de envelopes.
A segunda veio para os 310 candidatos às vagas de técnico de laboratório.
No segmento de conhecimentos técnico-profissionais, perguntara-se em
Campinas:
"Exame parasitológico baseado em
centrífugo-flutuação em solução de
sulfato de zinco com densidade 1.180
chama-se (...)".
Em Niterói perguntou-se:
"O exame parasitológico baseado em
centrífugo-flutuação em solução de
sulfato de zinco com densidade 1.180
chama-se (...)".
A cola seguiu religiosamente a seqüência das 20 perguntas originais,
disponíveis na internet. Em todas, foi
suprimida uma opção e alterada a ordem das demais. Isso indica que o professor foi movido muito mais pela ligeireza do que por qualquer interesse na
violação do sigilo. Ninguém foi prejudicado.
Houve um malfeito e, num exemplo
que bem poderia ser copiado em Brasília, cada parte assumiu rapidamente
seu pedaço da encrenca. Um caso que
começou mal e que, pelo menos, termina de forma honesta.
DE CARLOSLACERDA@EDU PARA JOSÉSERRA@GOV
Senhor governador de São
Paulo,
Volto a lhe escrever, desta
vez para pedir que dê atenção
à qualidade do currículo de
sua faculdade de jornalismo
epistoleiro. No domingo passado, ponderei ao senhor que
é insânia anunciar a remoção
de 30 mil pessoas da orla da
represa de Guarapiranga, sem
revelar, desde logo, para onde
irão os desalojados.
Seu aparelho de comunicação zangou-se. Pena. As informações vieram, formalmente,
de seu dispositivo. Dele eu havia recebido o texto intitulado
"Governo e prefeitura apresentam ações concretas para
a Guarapiranga". Lá podia-se
ler: "A estimativa é que a remoção vá atingir inicialmente
cerca de 30 mil moradores".
Na contradita, os doutores
corrigem: são 5.000 famílias.
Brincam de números.
Se o senhor e seus palafreneiros querem remover 30
mil pessoas da beira de uma
represa para preservá-la, volto a louvar a iniciativa, mas insisto: diga para onde irão. A
que distância ficarão do local
em que vivem hoje?
Isso ainda não se fez. Um
exemplo desse silêncio pode
ser comprovado na leitura do
texto "Governo e prefeitura
vão ampliar convênio para fiscalização da Guarapiranga",
disponível (na sexta-feira) na
página da Secretaria do Meio
Ambiente na internet.
Dizem que nesta semana o
senhor participará de cerimônia para ampliar o convênio
de fiscalização da represa. Será uma nova oportunidade
para esclarecer a questão.
Saudações simples,
Carlos Lacerda
LEMBRAI-VOS DE 2005
O tucanato e o PFL tiveram
uma recaída de oposicionismo
policial. Defendem a política de
ruína econômica do Banco
Central na tribuna e jogam para a arquibancada sugerindo
que o futuro do país depende da
criação de CPIs. A da vez quer
investigar o apagão aéreo y
otras cositas más ocorridas na
Infraero. Tudo bem, mas está
viva a memória do festival
aberto em 2005. Os grão-tucanos (ajudados pelas delinqüências petistas), criaram três CPIs
de nitroglicerina. Quando o fogo chegou perto de sua cerca, fizeram um acordão, puseram
orégano nas pizzas, e a patuléia
ficou com o papelão da embalagem. Falta sinceridade ao surto
policial. Até porque o tucanato
voltou a conversar com um pedaço do governo.
FURO N'ÁGUA
O comissário Tarso Genro
tentou obter dos partidos da
base de apoio do governo uma
condenação pública da abertura de CPIs que desagradam ao
Planalto. Não conseguiu.
DI DE GLAUBER
No mês do 68º ano do nas-
cimento de Glauber Rocha,
o blogueiro Antonio Mello
(blogdomello.blogspot.com)
botou na internet o genial documentário de 20 minutos que
o cineasta rodou no funeral do
pintor Di Cavalcanti, em 1976.
A peça delirante e ególatra de
Glauber foi censurada por iniciativa da família de Di. Muito
provavelmente o desconforto
deveu-se à filmagem do rosto
macerado do pintor no caixão,
cena realmente chocante.
A qualidade do vídeo não é
grande coisa mas, mesmo assim, mostra uma das obras
mais representativas da cabeça
de Glauber. O cineasta baiano
morreu em 1981, aos 43 anos.
EMPULHANDO
Lula e o PT fingem querer uma
reforma política que feche o tráfico de cadeiras de senadores. O
magano se elege e repassa alguns
anos de mandato ao suplente
desconhecido e poderoso. Nosso
Guia quer nomear Carlos Lupi
para o Ministério da Previdência.
Em 1998, o doutor fez um acordo
com Roberto Saturnino, pelo
qual adquiriu metade do seu
mandato de senador. Tornou-se
suplente, em troca da renúncia
do sócio. Saturnino elegeu-se,
sem contar aos eleitores que prometera terceirizar o voto que
lhes pedia. Lupi micou, pois Saturnino não cumpriu o trato.
VOZ DO PT
Deputado petista viu sondagem feita com as bases do partido
mostrando que 75% dos militantes condenam a instituição do
voto de lista. Está em 65% a oposição ao voto distrital.
LUÍS E MARIA
Quem for ver "Maria Antonieta" partilhará um mistério da história. Qual era o problema de
Luís 16, que levou sete anos para
consumar seu casamento com a
princesa?
Há duas teorias: tinha uma fimose que tornava dolorosas as
ereções, ou não sabia para que
elas serviam. Seu cunhado, o imperador José da Áustria, conversou com o casal e contou que
"na cama, ele tem fortes ereções, introduz o membro, fica parado por uns dois minutos e retira-se sem ejacular. (...) Ele diz
que está bom assim, porque não
faz aquilo por gosto, senão por
dever". Dois meses após a conversa, Luís revelou que tinha gostado e lamentava não ter praticado mais cedo.
O rei pode ter operado a fimose, mas não há registro disso. José pode ter contado ao casal do
que se tratava, eles aprenderam e
viveram juntos até que a guilhotina os separou.
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