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Sarney determina que todos os 136 diretores do Senado se afastem
Desde que assumiu o cargo, no início do mês passado, senador
foi obrigado a afastar dois diretores envolvidos em suspeitas
Aliados de Sarney, que deve anunciar hoje uma reforma na Casa, creditam denúncias ao PT, que perdeu a disputa pelo comando do Senado
ANDREZA MATAIS
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pressionado por uma série de
denúncias contra a Casa, o presidente do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), determinou ontem que todos diretores coloquem o cargo a disposição.
O Senado tem 136 diretores,
parte deles indicados pelo próprio Sarney, que pela terceira
vez preside a Casa. Sarney prometeu anunciar hoje uma reforma administrativa na tentativa de estancar as acusações.
A Folha apurou que a gota
d'água foi a denúncia de que a
senadora Roseana Sarney
(PMDB-MA) usou sua cota de
passagem paga pelo Senado para trazer a Brasília amigos e assessores e hospedou parte do
grupo na residência oficial da
presidência do Senado.
Aliados de Sarney creditam a
onda de denúncias ao PT, que
perdeu a disputa pelo comando
da da Casa para o peemedebista, e a briga por poder entre os
servidores do Senado. Além da
derrota do senador Tião Viana
(PT-AC), que era até janeiro
primeiro vice-presidente do
Senado, o PT também perdeu a
presidência da Comissão de Infraestrutura do Senado para
Fernando Collor (PTB-AL).
Desde que assumiu o cargo,
no dia 2 de fevereiro, Sarney já
se viu forçado a afastar dois diretores envolvidos em irregularidades e a responder sobre pagamento de horas extras em
pleno recesso parlamentar.
O primeiro escândalo derrubou Agaciel Maia, que estava
há 15 anos no cargo por indicação de Sarney. A Folha revelou
que Agaciel não registrou no
cartório uma casa de R$ 5 milhões. Na semana passada,
João Carlos Zoghbi foi afastado
da diretoria de Recursos Humanos depois de revelado que
seu filho morava num apartamento funcional do Senado.
Ele também é ligado a Sarney.
Outro desgaste foi a revelação da Folha de que o Senado
pagou R$ 6,2 milhões de hora
extra para 3.883 servidores pelo mês de janeiro. Sarney classificou o pagamento como "absurdo" e mandou 15 servidores
do seu gabinete devolverem o
dinheiro, mas somente nove
senadores acompanharam sua
decisão. Ontem o Senado informou que 145 servidores terão o
valor estornado a pedido dos
senadores, mas não disse o valor desta conta.
Investigação
Sarney terá que responder ao
Ministério Público Federal sobre o pagamento de horas extras. A partir de ontem, ele terá
dez dias para informar à Procuradoria quem são os funcionários que fizeram hora extra e
sobre qual justificativa.
O caso envolvendo Roseana
Sarney também será investigado pela Procuradoria. A senadora disse que pagou passagens
para três pessoas com a sua cota, mas se negou a dizer os nomes: "Para mim não tem problema [investigar]. Tanta coisa
acontecendo e vocês preocupados com isso". Ela negou que
tenha hospedado o grupo na residência oficial, embora anteontem tenha confirmado à
Folha a informação. "São hóspedes do Sarney, ele é que tem
que explicar." Sarney disse ontem que não irá comentar assuntos administrativos.
O senador deve anunciar hoje assinatura de convênio com a
FGV (Fundação Getúlio Vargas), que deve elaborar proposta para uma reforma administrativa da Casa. O Senado tem
6.500 servidores, entre comissionados e concursados, para
atender a 81 senadores.
Desses, pelo menos 4.000
são terceirizados, cargos que
estariam sendo usados para
acomodar parentes de diretores da Casa numa burla a decisão do STF (Supremo Tribunal
Federal) que proibiu o nepotismo nos três poderes.
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