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RETÓRICA OFICIAL
Ministro fez proposta a empresários; colegas viram tom pessimista
Pacto nacional de Dirceu gera mal-estar
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Causou mal-estar na equipe
econômica e no Palácio do Planalto a proposta feita pelo ministro
José Dirceu (Casa Civil) a empresários de instituir um pacto nacional para enfrentar a crise por conta da turbulência financeira internacional que atinge o Brasil.
Por sua assessoria, Dirceu confirmou que usou a expressão
"pacto nacional" no jantar com
empresários no sábado em São
Paulo, mas negou ter dito que a
política econômica não dá conta
de enfrentar a crise.
"Falei no sentido de a política
ajudar a economia a superar os
problemas, aprovando, por
exemplo, a nova Lei de Falências
no Congresso e o projeto das
PPPs [Parcerias Público-Privadas]. E disse aos empresários que
deveriam acreditar no Brasil e investir", afirmou Dirceu, segundo
a assessoria.
Evitando criticar diretamente o
colega, o ministro Guido Mantega
(Planejamento) e o secretário do
Tesouro, Joaquim Levy, saíram
em defesa da atual política econômica. Nos bastidores, porém, a
avaliação de membros da equipe
econômica e do Planalto foi que
Dirceu exagerou no pessimismo e
gerou a percepção de que o governo temeria a atual turbulência internacional mais do que admite.
Mantega e Levy discordaram da
afirmação de Dirceu de que haveria um excesso de ortodoxia na
condução da economia. "Não há
nenhum excesso de ortodoxia.
Não estamos fazendo nem ortodoxia nem heterodoxia. Estamos
colocando em prática uma boa
estratégia para passarmos ilesos
por essa crise", disse Mantega, antes da reunião da Camex (Câmara
de Comércio Exterior).
Já Levy afirmou que a política
econômica é "adequada" e que a
idéia de travar um pacto nacional
para enfrentar a crise não foi sequer discutida entre as pessoas do
governo com quem convive.
Tanto Levy como Mantega se
mostraram mais otimistas do que
Dirceu, que usou a expressão "crise" para se referir à situação pela
qual o país passa. "Não é exatamente uma crise. É uma turbulência no mercado financeiro internacional", disse Mantega, que enfatizou que o país está mais preparado do que no passado para enfrentar esse tipo de desafio.
Para Levy, as atuais turbulências são "passageiras". O ministro
das Relações Exteriores, Celso
Amorim, também considera exagero. "Na minha opinião é um
pouco incerto dizer [que é crise]",
afirmou Amorim, que disse não
ter visto as declarações de Dirceu.
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