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CAMPO MINADO
Movimento promoveu invasões a sete propriedades rurais no Estado
Líder do MST é baleado ao tentar invadir terra em PE
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
Um dos líderes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra) em Pernambuco foi
atingido por um tiro durante conflito ocorrido em uma nova onda
de invasões promovida ontem pelo movimento no Estado.
Charles Afonso de Souza, 26, foi
baleado na perna esquerda e teve
fratura exposta. Ele integrava o
grupo de 80 lavradores que tentou
invadir durante a madrugada a fazenda Dependência, em Passira
(100 km de Recife).
O MST, que comandou mais sete invasões de terra ontem no Estado,
afirma que o tiro foi disparado
por "pistoleiros" supostamente
contratados pelo dono da fazenda. Souza foi operado em Recife e
não corre risco de morte.
A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar o caso. A delegada de Passira, Cláudia Suely Freire
de Vasconcelos, enviou uma
equipe à fazenda, mas não encontrou ninguém no local. A delegada disse que intimará o dono da
área, conhecido como Gilberto, e
o suposto administrador da propriedade, Ivan, que, segundo os
sem-terra, integrava o grupo de
"pistoleiros" que reagiu à invasão.
"Eram 18 homens montados em
cavalos, todos armados", disse à
Agência Folha, por telefone, o
coordenador de acampamentos
do MST João Rufino Gomes, 35.
O lavrador participou da ação.
"Entramos na fazenda, e eles jogaram os cavalos em cima", contou. "Já estávamos do lado de fora, na estrada, quando atiraram
em nós." Segundo Gomes, Charles estava em uma motocicleta
quando foi atingido.
Levado no mesmo veículo ao
hospital de Passira por um dos
amigos, o coordenador do MST
foi transferido para Vitória de
Santo Antão e, depois, para Recife, onde foi operado.
Os invasores retornaram ao
acampamento montado há um
ano e três meses no distrito de Pedra Tapada e afirmaram que não
desistirão da fazenda. Os sem-terra reivindicam a área, sob alegação de que é improdutiva.
O superintendente do Incra
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em Recife,
João Farias de Paula Jr., disse que
desconhece o nome do dono e a
situação da propriedade.
Segundo ele, a greve dos servidores do órgão impede o acesso
aos cadastros dessa fazenda e das
outras sete invadidas ontem pelo
MST no interior do Estado.
Paula Jr. afirmou estar "muito
preocupado" com as invasões,
mas disse que pode apenas monitorar a situação, porque o Incra
"não tem poder de polícia". A delegada de Passira disse que não sabe quem é o dono da área e se é ou
não produtiva. Conhecidos, até
ontem, eram só os lavradores que
tentaram tomar a fazenda.
No dia 24 de setembro, o mesmo grupo participou de outra invasão na região, que deixou um
ferido. Ao entrar na fazenda São
Vicente, o sem-terra Reginaldo
Bernardes da Silva foi atingido
por dois tiros. O autor dos disparos ainda não foi identificado.
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