São Paulo, quarta-feira, 18 de maio de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Procuradoria vai investigar suposta propina

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério Público Federal instaurou ontem inquérito civil público para apurar "prováveis atos de corrupção e de improbidade administrativa praticadas" por Maurício Marinho e o eventual envolvimento de outros participantes em suposto esquema de corrupção no Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios.
Na portaria que formalizou a abertura do inquérito, os procuradores Bruno Acioli e Adriana Brockes, que conduzirão a investigação no aspecto civil e criminal, requisitam um conjunto de dez diligências, entre as quais:
1) Em cinco dias úteis, as declarações de Imposto de Renda referentes aos últimos cinco anos de Maurício Marinho, Antonio Osório Menezes (ex-diretor de Administração dos Correios) e Fernando Leite de Godoy (ex-assessor de Menezes) -os três foram afastados após a divulgação da gravação em que aparece Marinho;
2) Em 48 horas, cópias do controle, referente aos meses de abril e maio deste ano, de entrada e saída do edifício-sede dos Correios, em Brasília, local em que teria sido feita a gravação na qual Maurício Marinho foi flagrado cobrando e recebendo propina de dois interlocutores cuja identidade ainda é ignorada;
3) Organograma dos Correios;
4) Documentação referente à licitação dos Correios para a compra de medicamentos, que foi a motivação dos "prováveis" atos de corrupção;
5) As fitas que a revista "Veja" obteve e tornou públicas no último sábado.
Menezes e Godoy também serão investigados pelas ligações diretas que tinham com Marinho.
Os procuradores reproduzem, na portaria, o trecho da gravação em que Marinho declara: "Nós somos três e trabalhamos fechado. Os três são designados pelo PTB, pelo Roberto Jefferson. É uma composição com o governo. Nomeamos o diretor, um assessor e um departamento-chave. Eu sou o departamento-chave. Tudo o que nós fechamos o partido fica sabendo".
Conforme entendem os procuradores, Godoy poderia ser o "assessor"; Menezes, o "diretor".
Se surgirem no curso da investigação elementos mais concretos de que o deputado petebista era parte do esquema, os indícios serão encaminhados ao procurador-geral da República, Claudio Fonteles.

"Gravíssimo"
Segundo Fonteles, pelo que está nas imagens divulgadas pela revista "Veja", a conduta de Marinho é "gravíssima".
"Se na coleta de provas [procedimento que cabe aos procuradores de primeira instância] caracterizar-se o envolvimento do deputado federal [Roberto Jefferson, PTB-RJ], eu receberei cópias do material e avaliarei", afirmou Fonteles, ao participar em Brasília de um seminário sobre a estrutura e atribuições do Ministério Público Federal.
A Polícia Federal, que investiga o caso, também requisitará à "Veja" as gravações. Conforme a praxe, o material deverá ser submetido a perícia técnica.


Texto Anterior: Crise nos Correios: Solidário a Jefferson, Lula elogia "parceria"
Próximo Texto: Crise nos Correios: Empresa de amigo de Lula é citada em vídeo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.