|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Procuradoria vai investigar suposta propina
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério Público Federal
instaurou ontem inquérito civil
público para apurar "prováveis
atos de corrupção e de improbidade administrativa praticadas"
por Maurício Marinho e o eventual envolvimento de outros participantes em suposto esquema
de corrupção no Departamento
de Contratação e Administração
de Material dos Correios.
Na portaria que formalizou a
abertura do inquérito, os procuradores Bruno Acioli e Adriana
Brockes, que conduzirão a investigação no aspecto civil e criminal,
requisitam um conjunto de dez
diligências, entre as quais:
1) Em cinco dias úteis, as declarações de Imposto de Renda referentes aos últimos cinco anos de
Maurício Marinho, Antonio Osório Menezes (ex-diretor de Administração dos Correios) e Fernando Leite de Godoy (ex-assessor de
Menezes) -os três foram afastados após a divulgação da gravação em que aparece Marinho;
2) Em 48 horas, cópias do controle, referente aos meses de abril
e maio deste ano, de entrada e saída do edifício-sede dos Correios,
em Brasília, local em que teria sido feita a gravação na qual Maurício Marinho foi flagrado cobrando e recebendo propina de dois
interlocutores cuja identidade
ainda é ignorada;
3) Organograma dos Correios;
4) Documentação referente à licitação dos Correios para a compra de medicamentos, que foi a
motivação dos "prováveis" atos
de corrupção;
5) As fitas que a revista "Veja"
obteve e tornou públicas no último sábado.
Menezes e Godoy também serão investigados pelas ligações diretas que tinham com Marinho.
Os procuradores reproduzem,
na portaria, o trecho da gravação
em que Marinho declara: "Nós
somos três e trabalhamos fechado. Os três são designados pelo
PTB, pelo Roberto Jefferson. É
uma composição com o governo.
Nomeamos o diretor, um assessor e um departamento-chave. Eu
sou o departamento-chave. Tudo
o que nós fechamos o partido fica
sabendo".
Conforme entendem os procuradores, Godoy poderia ser o "assessor"; Menezes, o "diretor".
Se surgirem no curso da investigação elementos mais concretos
de que o deputado petebista era
parte do esquema, os indícios serão encaminhados ao procurador-geral da República, Claudio
Fonteles.
"Gravíssimo"
Segundo Fonteles, pelo que está
nas imagens divulgadas pela revista "Veja", a conduta de Marinho é "gravíssima".
"Se na coleta de provas [procedimento que cabe aos procuradores de primeira instância] caracterizar-se o envolvimento do deputado federal [Roberto Jefferson,
PTB-RJ], eu receberei cópias do
material e avaliarei", afirmou
Fonteles, ao participar em Brasília
de um seminário sobre a estrutura e atribuições do Ministério Público Federal.
A Polícia Federal, que investiga
o caso, também requisitará à "Veja" as gravações. Conforme a praxe, o material deverá ser submetido a perícia técnica.
Texto Anterior: Crise nos Correios: Solidário a Jefferson, Lula elogia "parceria" Próximo Texto: Crise nos Correios: Empresa de amigo de Lula é citada em vídeo Índice
|