São Paulo, quarta-feira, 18 de maio de 2005

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GESTÃO PETISTA

Tribunal vê falha na dispensa de licitação e nos contratos de obra arquitetônica que não saiu do papel

TCE considera irregulares contas de Palocci

DA FOLHA RIBEIRÃO

O Tribunal de Contas do Estado considerou irregulares a dispensa de licitação e todas as despesas ligadas ao contrato do Vale dos Rios, celebrado em maio de 2002 pelo ex-prefeito de Ribeirão Preto Antonio Palocci (PT), atual ministro da Fazenda. O julgamento foi ontem. Ainda cabe recurso.
De acordo com o TCE, a dispensa de licitação para a contratação da Coderp (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Ribeirão Preto) pelo município foi irregular porque não ficou provado o interesse público e não houve nenhum tipo de pesquisa de mercado para definir o preço da contratação ou "justificativa do preço pago à contratada".
A Coderp foi contratada em maio de 2002 por Palocci por R$ 3,5 milhões para a realização do projeto arquitetônico Vale dos Rios, que previa a revitalização da região central e incluía uma ponte suspensa como a Golden Gate, em São Francisco (EUA).
Ao todo, o projeto consumiu R$ 4.681.763,90, sendo R$ 2,6 milhões com a desapropriação, mais R$ 23.890,95 para a demolição e outros R$ 2.057.872,95 com obras. Quando o projeto foi anunciado, em dezembro de 2001, o petista estimava gastar cerca de R$ 8 milhões na primeira etapa.
Dos R$ 2 milhões gastos com obras, a Coderp conseguiu explicar só R$ 323.490,73, com projeto, maquete e tapumes. O restante, R$ 1,7 milhão, não tem registro legal do seu paradeiro. Da obra Vale dos Rios não foi levantado um único tijolo. Hoje, em parte da área, funciona uma praça.
A irregularidade foi apontada por uma comissão da Câmara da cidade, presidida pelo tucano Nicanor Lopes (PSDB).
O Ministério Público investiga a denúncia. Segundo o promotor da Cidadania, Sebastião Sérgio da Silveira, a decisão do TCE fundamentará ação civil de improbidade administrativa contra os responsáveis pela contratação.
"No meu entendimento, pela Lei Orgânica do Município, o prefeito também é responsabilizado, por ser ordenador da despesa."
Segundo revelou a Folha Ribeirão em 2004, das 68 despesas apresentadas na prestação de contas, 7 foram assinadas antes do contrato. Algumas notas eram de empresas inexistentes. Palocci e o ex-secretário da Administração, Aparecido Alencar Moreira, não falaram sobre o caso. (RP)


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