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ELEIÇÕES 2006
Ministro diz que Alckmin "preferiu negociar com criminosos" a aceitar ajuda federal
Tarso critica negociação com crime; PSDB exige retratação
SILVIO NAVARRO
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O coordenador político do governo, ministro Tarso Genro (Relações Institucionais), disse ontem que o presidenciável Geraldo
Alckmin (PSDB) "preferiu negociar com criminosos do que aceitar ajuda do governo", o que fez a
oposição pedir sua demissão e a
bloquear as votações no Senado.
À noite, o ministro ensaiou um
recuo e disse que a oposição aproveitou sua entrevista para fomentar uma crise: "Não ofendi ninguém e não atribuí a qualquer
pessoa qualquer tipo de relação
espúria com a criminalidade".
Mas manteve o tom de desafio. "O
governo não admite receber qualquer imputação de responsabilidade do que aconteceu lá [em SP]
ou compartilhar qualquer responsabilidade" na crise.
No início da tarde, em visita ao
Congresso, Tarso responsabilizou
Alckmin pela onda de violência
ocorrida no Estado. "O governo
federal ofereceu toda a ajuda necessária e, segundo vocês [jornalistas] mesmos estão informando,
o governo paulista, o governo do
senhor Alckmin, preferiu negociar com os criminosos do que
aceitar ajuda do governo. Não é
correto o que ele está fazendo",
referindo-se ao suposto acordo.
"As pessoas têm que assumir
em momentos mais graves a responsabilidade política pelo que fizeram enquanto estiveram no governo", o que, segundo ele, não
estava ocorrendo com Alckmin.
Reação
Em retaliação, a oposição anunciou que iria obstruir todas as votações no Senado até que Tarso se
retratasse. Isso impossibilitou a
votação das MPs que trancam a
pauta e a indicação de Carmen
Lúcia Antunes para ministra do
Supremo Tribunal Federal.
Irritado, o presidente do PSDB,
senador Tasso Jereissati (CE),
chamou o ministro de "irresponsável e leviano" e disse que a ordem é cortar o diálogo da oposição com o governo: "Esse homem
é um irresponsável, devemos cortar o diálogo da oposição com o
governo, com um homem que fala uma bobagem desse tamanho.
Peço que o presidente da República que o desminta ou o demita".
Em seguida, o líder do PSDB,
Arthur Virgílio (AM), anunciou,
com o aval do PFL, obstrução de
todas as votações no Senado.
Os governistas tentaram acalmar os ânimos. O vice-líder do
governo, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que as declarações de
Tarso "estavam truncadas" e que
o ministro fora "instado pela imprensa" a falar. A líder do PT, Ideli
Salvatti (SC), disse que "se a gente
quiser repercutir declarações, os
jornais estão cheios. Está cheio de
declarações do senhor Alckmin".
Em São Paulo, o senador Aloizio Mercadante culpou Alckmin:
"Quem administra o sistema prisional e quem coordena todo o
trabalho das polícias civil e militar
é o governador do Estado. O governo federal deve colaborar e
contribuir, mas a responsabilidade pelo colapso da política prisional no Estado de São Paulo, que
permitiu esse avanço do crime organizado, é do governo de São
Paulo". Ele disse que "o crime organizado está se infiltrando na Febem" e, de 2001 até agora, as ações
do PCC só têm aumentado: "Jamais a cidade viveu uma barbárie
como essa, por três dias". E acrescentou: "Em cada acordo que se
faz, ele [PCC] submerge para em
seguida voltar mais forte".
Colaborou MALU DELGADO, da Reportagem Local
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