São Paulo, quinta-feira, 18 de maio de 2006

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

O besteirol

Adversárias das redes na batalha digital, as empresas de telefonia se viram sob fogo nos últimos dias.
O ataque começou no "Jornal Nacional" de segunda:
- Essa ação só é possível pelo uso de celulares... [Delegado:] "Eu considero que o celular é mais perigoso que uma arma"... [Ex-secretário:] "Já tramita um projeto obrigando operadoras a fazer bloqueio".
Daí para o "Bom Dia Brasil" de terça, em reportagem que abriu dizendo:
- Não há lei que obrigue as empresas a bloquear o celular dos presídios.
E um novo "JN":
- Projeto obriga companhias telefônicas a criar e doar para o governo sistema que bloqueie os celulares.
E um novo "Bom Dia Brasil" etc. Até que a Globo News deu a manchete, ontem:
- Senado aprova o pacote de repressão à violência. Uma das medidas obriga operadoras de telefonia a instalar bloqueadores de celulares.
Por fim, no "JN" onde tudo começou, a manchete:
- A Justiça estadual manda bloquear celulares em presídios de São Paulo.
Deu 48 horas às operadoras de telefonia.
 
No UOL, do blog de Fernando Rodrigues:
- É infinito o besteirol dos bloqueadores. As esperanças do Brasil de repente residem aí... São altamente ineficazes, a não ser que não se preocupem com a vizinhança. Os pobres..
Por outro lado:
- Nem discussão sobre por que os governos estaduais estão abdicando de uma política para impedir entrada. É inconcebível que São Paulo seja incapaz de, em 24 horas, limpar as celas de telefones e armas.

"EU PRECISO TRABALHAR"

Finalmente o secretário de Segurança surgiu ao vivo, ontem, por Globo News e Band News -sem as redes abertas. Sob tiroteio de perguntas quanto aos nomes dos mortos, Saulo de Castro Abreu dizia:
- Eu não vou abrir a investigação... Esse tipo de pergunta não vai ser respondida, ponto... Não é possível discutir uma investigação todos os dias pelas rádios... Eu preciso trabalhar.
Levantou-se e saiu, em mais um golpe de teatro. Mas não sem antes dar como "lamentável que subliminarmente" os jornalistas afirmem que ele "estaria escondendo identificação de morto ou coisa que o valha".
Registre-se que o secretário e sua política de segurança estão sob fogo contínuo dos representantes de policiais, dia após dia. Ontem, eram o presidente da associação de delegados, na Jovem Pan, e o presidente do sindicato dos investigadores, no site Carta Maior.

Globo News/Reprodução

Globo News/Reprodução

Globo News/Reprodução
O secretário, ao vivo, evita perguntas e se retira teatralmente


Abandonado na linha de frente da cobertura, o governador virou alvo preferencial, do "Casseta & Planeta" aos blogs Aboboral e Kibe Loco(acima)

Tarso no ataque
Pelo jeito, o levantamento do Datafolha em São Paulo, em que Lula é mais responsabilizado do que Alckmin pelo caos, tirou o petista do sério.
O "JN" abriu as câmeras para o ministro Tarso Genro apontar o dedo para o ex-governador, hoje presidenciável.
Foi submanchete na Folha Online e ganhou destaque em outros sites, com os enunciados na linha "Tarso ataca e afirma que Alckmin preferiu negociar com o PCC a aceitar a ajuda do governo federal".

Tasso em fúria
Mas o "JN" deu mais atenção, em sua edição, à reação violenta do presidente do PSDB, Tasso Jereissati:
- Eu peço ao presidente que peça que este homem desminta imediatamente o que disse ou se demita... Um homem que fala uma bobagem, uma leviandade, uma irresponsabilidade.
Para William Bonner, foi uma reação de fúria. Para o blogueiro Ricardo Noblat, foi "histeria" mesmo.

@ - nelsondesa@folhasp.com.br


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