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União repassou R$ 45,2 mi a construtora
Valor foi recebido de janeiro de 2004 a março de 2007; Gautama lidera consórcio que disputa obra do rio São Francisco
Maior parte do dinheiro público recebido se refere a obras em rodovias federais conduzidas pelo DNIT, do Ministério dos Transportes
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Flagrada pela Operação Navalha, a Construtora Gautama
acabara de dar seu lance mais
alto na disputa por verba pública. Na semana passada, apresentou proposta para concorrer ao segundo trecho mais caro da transposição do rio São
Francisco, orçado em R$ 275,2
milhões. É uma das principais
obras do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento).
A CGU (Controladoria Geral
da União) não divulgou quanto
a construtora recebeu de recursos federais nos últimos anos
por meio de convênios com Estados e municípios. Pesquisa
feita pela Folha no Portal da
Transparência aponta que a
Gautama recebeu R$ 45,2 milhões em repasses diretos da
União entre janeiro de 2004 e
março de 2007.
A empresa lidera um dos 21
consórcios que disputam os 14
lotes da maior obra do governo
Lula com recursos dos tributos
arrecadados pela União. Um
negócio de R$ 3,3 bilhões, considerada a previsão de custo da
construção de mais de 700 km
de canais de concreto por empreiteiras privadas.
Ontem, o ministro Geddel
Vieira Lima (Integração Nacional) afirmou que aguarda os
desdobramentos das investigações. Ele afirma que, por ora,
não pode excluir a participação
da Gautama da licitação. "Eles
não ganharam nada, tenho de
ter cautela", afirmou.
O resultado da licitação para
as obras da transposição só deve ser anunciado em agosto, diz
o ministério. A fase de pré-qualificação dos interessados ainda não acabou. A Gautama lidera um dos consórcios, integrado por mais três empreiteiras.
No último dia 9, a licitação
recebeu 76 propostas de 21
consórcios e mais cinco empreiteiras. Os interessados podem disputar um ou mais lotes
da obra dos canais que levarão
parte das águas do São Francisco ao semi-árido nordestino.
A maior parcela dessa verba
remunerou obras de manutenção de rodovias federais tocadas pelo DNIT, departamento
do Ministério dos Transportes.
Ontem, o ministro Alfredo
Nascimento determinou a suspensão de eventuais pagamentos pendentes, para que os contratos sejam analisados.
Os repasses diretos da União
registram ainda obras rodoviárias na Bahia e no Amazonas.
Nenhum pagamento teria sido
feito em 2007, segundo pesquisa no endereço eletrônico da
CGU. Entre 2004 e 2006, a
Gautama também recebeu verbas da própria Polícia Federal,
para as obras de ampliação do
Instituto Nacional de Criminalística e para a construção de
unidades da PF na Amazônia.
A CGU entrou no caso em fevereiro, a partir de escutas feitas pela PF. Ontem, o TCU
(Tribunal de Contas da União)
listou sete obras objeto de convênios em infra-estrutura hídrica, no Maranhão, em Sergipe, na Bahia, em Alagoas, em
Rondônia e no Distrito Federal, em que foram detectados
superfaturamentos.
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