São Paulo, sexta-feira, 18 de maio de 2007

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União repassou R$ 45,2 mi a construtora

Valor foi recebido de janeiro de 2004 a março de 2007; Gautama lidera consórcio que disputa obra do rio São Francisco

Maior parte do dinheiro público recebido se refere a obras em rodovias federais conduzidas pelo DNIT, do Ministério dos Transportes


MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Flagrada pela Operação Navalha, a Construtora Gautama acabara de dar seu lance mais alto na disputa por verba pública. Na semana passada, apresentou proposta para concorrer ao segundo trecho mais caro da transposição do rio São Francisco, orçado em R$ 275,2 milhões. É uma das principais obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
A CGU (Controladoria Geral da União) não divulgou quanto a construtora recebeu de recursos federais nos últimos anos por meio de convênios com Estados e municípios. Pesquisa feita pela Folha no Portal da Transparência aponta que a Gautama recebeu R$ 45,2 milhões em repasses diretos da União entre janeiro de 2004 e março de 2007.
A empresa lidera um dos 21 consórcios que disputam os 14 lotes da maior obra do governo Lula com recursos dos tributos arrecadados pela União. Um negócio de R$ 3,3 bilhões, considerada a previsão de custo da construção de mais de 700 km de canais de concreto por empreiteiras privadas.
Ontem, o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) afirmou que aguarda os desdobramentos das investigações. Ele afirma que, por ora, não pode excluir a participação da Gautama da licitação. "Eles não ganharam nada, tenho de ter cautela", afirmou.
O resultado da licitação para as obras da transposição só deve ser anunciado em agosto, diz o ministério. A fase de pré-qualificação dos interessados ainda não acabou. A Gautama lidera um dos consórcios, integrado por mais três empreiteiras.
No último dia 9, a licitação recebeu 76 propostas de 21 consórcios e mais cinco empreiteiras. Os interessados podem disputar um ou mais lotes da obra dos canais que levarão parte das águas do São Francisco ao semi-árido nordestino.
A maior parcela dessa verba remunerou obras de manutenção de rodovias federais tocadas pelo DNIT, departamento do Ministério dos Transportes. Ontem, o ministro Alfredo Nascimento determinou a suspensão de eventuais pagamentos pendentes, para que os contratos sejam analisados.
Os repasses diretos da União registram ainda obras rodoviárias na Bahia e no Amazonas. Nenhum pagamento teria sido feito em 2007, segundo pesquisa no endereço eletrônico da CGU. Entre 2004 e 2006, a Gautama também recebeu verbas da própria Polícia Federal, para as obras de ampliação do Instituto Nacional de Criminalística e para a construção de unidades da PF na Amazônia.
A CGU entrou no caso em fevereiro, a partir de escutas feitas pela PF. Ontem, o TCU (Tribunal de Contas da União) listou sete obras objeto de convênios em infra-estrutura hídrica, no Maranhão, em Sergipe, na Bahia, em Alagoas, em Rondônia e no Distrito Federal, em que foram detectados superfaturamentos.


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