São Paulo, sexta-feira, 18 de maio de 2007

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PT tem dívida com governo federal de R$ 12,9 milhões

Pendência com órgãos subordinados a petistas é de 27% do valor devido pela sigla

Débitos do partido são três vezes maiores que o seu patrimônio; legenda só não quebrou porque isso não está previsto na legislação


FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Quebrado desde o escândalo do "mensalão", o PT pendurou grande parte de suas dívidas nos cofres públicos. São R$ 12,85 milhões em pagamentos atrasados ao Banco do Brasil, Receita Federal, Caixa Econômica Federal e INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), todos órgãos subordinados a ministérios petistas.
O raio-x consta da prestação de contas anual do partido entregue no início do mês à Justiça Eleitoral. A "dívida estatal" do PT é 27% de um buraco recorde de R$ 47,43 milhões.
O Banco do Brasil é a instituição pública que tem mais a receber da sigla, com R$ 10,2 milhões. Ao INSS o PT deve R$ 2,03 milhões, em repasses de contribuições de funcionários atrasadas. A sigla deve R$ 586 mil ao Ministério da Fazenda por Imposto de Renda não recolhido e R$ 34 mil à Caixa Econômica Federal pelo não repasse de FGTS.
Além do PT, apenas o PSDB declara ter dívidas à Justiça Eleitoral. Mas seu débito com órgãos federais é menor: R$ 105 mil, entre dívidas com Receita Federal, Previdência e FGTS.
Para todos os efeitos, o PT está "insolvente", com uma dívida três vezes maior que o patrimônio do partido -só não quebra definitivamente porque isso não está previsto em lei.
Os problemas financeiros começaram há dois anos, com a descoberta do esquema de financiamento irregular montado pelo ex-tesoureiro Delúbio Soares com ajuda do publicitário Marcos Valério de Souza. Na relação entregue ao TSE, os credores são, na maioria, fantasmas da era Delúbio.
Os dois únicos empréstimos bancários intermediados por Marcos Valério que o partido reconhece, com o Rural e o BMG, continuam em aberto. Com o Rural, a dívida declarada é de R$ 7,02 milhões e, com o BMG, de R$ 4,6 milhões.
Permanece inalterada a dívida de R$ 11,03 milhões com a Coteminas, indústria têxtil da família do vice-presidente José Alencar, por camisetas adquiridas para a campanha de 2004.
O próprio Marcos Valério aparece como credor do PT. Tem a receber R$ 351 mil, referentes a uma parcela do empréstimo com o BMG que ele, na condição de avalista, pagou. Mas o publicitário quer mais: pede na Justiça cerca de R$ 100 milhões pelos empréstimos "não-contabilizados" que teria conseguido para o PT.
O publicitário Duda Mendonça tem direito a R$ 210 mil por meio de uma de suas empresas, a CEP. O ex-secretário-geral do partido Silvio Pereira é credor de R$ 4.184,26, por "serviços técnicos profissionais".
O tesoureiro nacional do partido, Paulo Ferreira, não atendeu à Folha ontem.


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