|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Apuração prejudica segurança aérea, diz coronel na CPI
Militar da Aeronáutica afirma que país terá "um total decréscimo das condições de segurança de vôo" e que americanos não ajudam
Integrantes da Aeronáutica que investigam acidente da Gol declaram que não há problemas com os radares e as comunicações brasileiras
Lula Marques/Folha Imagem
|
O coronel da Aeronáutica Rufino Ferreira fala à CPI, na primeira vez que militares depuseram |
LEILA SUWWAN
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em sessão da CPI do Apagão
Aéreo que acabou em discussão
e acusações de "blindagem" governista, os militares ligados à
investigação do acidente do vôo
1907 deram poucas informações novas e aproveitaram para
defender a Aeronáutica, pedir
verbas e criticar a "busca de
culpados" pela colisão do jato
Legacy e do Boeing da Gol, que
deixou 154 mortos.
Com participação limitada
da minoria da oposição, o brigadeiro Jorge Kersul Filho e o coronel Rufino Antonio da Silva
Ferreira, ambos do Cenipa
(Centro Nacional de Investigação e Prevenção de Acidentes
Aeronáuticos), defenderam o
sistema militar de controle de
tráfego aéreo, mas não falaram
sobre providências que devem
ser tomadas para melhorar a
segurança de vôo no país.
De novidade, Rufino afirmou
que as partes americanas envolvidas recusaram cooperação
com a investigação aeronáutica. A ExcelAire (dona do Legacy), Joe Lepore e Jan Paladino (os pilotos americanos) e a
FlightSafety (academia que
treinou os pilotos) disseram
que não prestarão informações.
O motivo é o uso das informações -como por exemplo os
dados das caixas pretas- no inquérito da Polícia Federal, que
já indiciou os pilotos.
"Não é necessário mais explicar o dano que isso faz. A comunidade internacional está bastante atenta a isso. Vamos ter
um total decréscimo das condições de segurança de vôo", disse o coronel Rufino.
Ambos militares afirmaram
que não existem problemas
com os radares e as comunicações brasileiras, ambas questões que ainda estão sob investigação do Cenipa.
Primeira vez
Essa foi a primeira vez que
militares depuseram em uma
CPI. A transmissão ao vivo pela
TV Câmara chegou a ser interrompida pela manhã, o que gerou mais reclamações da oposição. Com o suporte de pelo menos uma dúzia de militares à
paisana no plenário, não enfrentaram constrangimentos.
O relator da CPI, deputado
Marco Maia (PT-RS), usou boa
parte do tempo para falar de
aviões a álcool ou debater a
possibilidade de visualização
dos pilotos de um avião em rota
direta de colisão. A oposição
acusou Maia de "gastar" o tempo para evitar perguntas que
constrangessem os militares.
"A oposição tem que chorar
menos e trabalhar mais", disse.
"As pessoas que têm perguntas que incomodam a Aeronáutica não conseguem perguntar.
A pizza já está forno", reclamou
Luciana Genro (PSOL-RS).
"Os governistas querem abafar as investigações", disse Vanderlei Macris (PSDB-SP).
O clima ainda se agravou no
final da sessão quando o presidente da CPI, Marcelo Castro
(PMDB-PI), encerrou o depoimento do brigadeiro Kersul argumentando que a Ordem do
Dia começara. "Não vou descumprir o regimento", disse.
Sobre as críticas de que o
software brasileiro de controle
aéreo induz ao erro, Rufino foi
categórico: "Isso é uma característica, não um defeito".
Ambos militares se esquivaram de falar das recomendações de segurança feitas à Aeronáutica para dar aulas aos controladores e modificar o software, conforme revelou a Folha. Comentaram apenas que
essas questões "levam tempo".
Rufino confirmou que os procedimentos do manual não foram seguidos pelos controladores, mas disse que o sargento
"não tinha consciência situacional de que a aeronave estava
em rota de colisão".
Texto Anterior: Campanha: TRE desaprova as contas de Marta nas eleições de 2004 Próximo Texto: Senado instala CPI com farpas sobre Infraero Índice
|