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São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2003

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REFORMAS

Alckmin, Aécio e Paulo Souto defenderão em reunião com Lula manutenção do teto de isenção dos inativos de R$ 1.058

Estados se engajam para preservar projeto

Marcos Peron/Folha Imagem
Alckmin dá entrevista em Jaguariúna (SP); o tucano classificou de "ambígua" posição do PT em SP


FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No que depender de três dos mais importantes governadores de Estado, a reforma da Previdência será aprovada tal qual foi entregue para o Congresso. Aécio Neves (PSDB-MG), Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e Paulo Souto (PFL-BA) disseram ontem à Folha que defenderão a manutenção do texto durante a reunião do dia 30 deste mês, em Brasília, convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os Estados representados por esses governadores têm, juntos, 162 deputados federais. Isso representa 31,6% das 513 cadeiras da Câmara. Embora Aécio, Alckmin e Paulo Souto não tenham influência sobre a totalidade de suas bancadas estaduais, a posição clara dos três pode ajudar a manter o texto como está.
Um dos pontos principais que nenhum deles aceita mudar é a taxação em 11% dos servidores inativos que ganhem acima de R$ 1.058. Há no Congresso um trabalho dentro do próprio PT para que esse teto de isenção seja alterado para R$ 2.400.
"Se aumentarem o valor da isenção, será uma medida inócua. Com o teto de isenção em R$ 1.058, Minas Gerais arrecadará só cerca de R$ 10 milhões a mais por ano. Em R$ 2.400, será residual e não valeria a pena. Temos de votar o que já está acordado. Defenderei isso na reunião do dia 30, que acho muito oportuna para definir a estratégia final de votação", diz Aécio Neves.
Para o paulista Geraldo Alckmin, o seu Estado perderia com o aumento do teto de isenção para cobrar inativos. "São Paulo já cobra 6% dos seus inativos. Com esse teto de R$ 1.058, teríamos um ganho pequeno. Mas se subir para R$ 2.400 o Estado perde receita. Essa hipótese não existe. Desconsidero esse assunto", afirma.
O baiano Paulo Souto dá um exemplo dramático: "Na Bahia, se fizermos a cobrança dos inativos acima de R$ 1.058,00, teremos uma receita extra anual de R$ 35 milhões. É menos de 10% do valor do rombo anual. Se subirem a isenção para R$ 2.400, a receita extra anual cai para perto de R$ 15 a R$ 16 milhões. Nesse caso, sou contra", afirmou.
O governador da Bahia disse não ter "nenhum problema em assumir uma posição a favor de cobrar de inativos", pois considera a medida justa. O que não admite é rever o que já está acordado com o governo federal. "Vou para a reunião na maior boa vontade. Mas a emenda deve ser aprovada como está para que não não comecem a reduzir as receitas extras, que já serão insuficientes."

Ambiguidade
Em São Paulo, Alckmin disse não enxergar repercussão no fato de o PT ter votado contra a reforma previdenciária paulista na Assembléia Legislativa. "É uma ambiguidade. Recusam aqui [São Paulo] o que pedem para seu governo em Brasília."
"No nosso caso, não existe apoio pela metade. O texto da Previdência, se não é o ideal, é o acordado. Por mim, nada deve ser alterado", afirma Alckmin.
O mineiro Aécio Neves espera que a reunião do dia 30 sirva também para tocar em temas que foram levantados em outros encontros de governadores com o presidente da República.
"Será importante que retomemos a discussão sobre ressarcimento de Estados que perdem com o fato de haver isenção para produtos de exportação. Na emenda da reforma tributária não está claro se esses Estados receberão alguma compensação por abrigarem as empresas desse setor", afirma.


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