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São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2003

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PSDB endurece críticas ao governo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Sentindo-se avalizado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o PSDB deve endurecer as críticas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva e radicalizar a oposição ao PT no Congresso. Os primeiros sinais dessa decisão foram dados ontem, em Brasília, em encontro de prefeitos tucanos.
Em carta divulgada ao final da reunião, os prefeitos criticaram o "imobilismo, falta de criatividade e de compromisso com a busca de caminhos para resolver os problemas nacionais". Participaram do encontro 210 dos cerca de 1.200 prefeitos do PSDB.
O senador Tasso Jereissati (CE) defendeu Fernando Henrique Cardoso das críticas: "Passamos seis meses dando todas as oportunidades. Nunca houve oposição tão ligth, tão serena, tão equilibrada e tão cooperativa. Mas, quando o país está chegando ao ponto ao qual estamos chegando, é necessário que façamos um alerta. É uma responsabilidade nossa".
Segundo Tasso, o país "está parado, completamente parado": há setores "em pânico" em razão do desemprego. Para ele, o discurso de FHC e dos tucanos não é um endurecimento, mas um "alerta" ao governo. Na realidade, a entrevista de FHC ao site do PSDB na internet, publicada ontem pelos jornais, reforçou a posição dos tucanos que querem endurecer a oposição ao governo. O próprio ex-presidente havia dado um banho de água fria nesses setores ao voltar ao país e defender uma trégua ao governo petista.
Na época, a posição de FHC fortaleceu os governadores do partido, que, apesar do discurso oposicionista, gostariam de manter uma relação amigável com o Planalto. Era também a posição dos prefeitos que, ontem, incorporaram o discurso de FHC e cobraram soluções "duradouras".
Um exemplo da radicalização das ações no Congresso foi a decisão do PSDB de instalar a CPI do Banestado no Senado, a mesma que ajudara a arquivar antes, a pedido do próprio Palácio do Planalto. No final do dia, os líderes evoluíam para a criação de uma CPI do Congresso, formada por senadores e deputados federais.
Antes de conceder a entrevista ao site tucano, na qual diz que o governo "exagerou na dose" da taxa de juros, FHC participou de um almoço com dirigentes tucanos em São Paulo. Na conversa, o ex-presidente foi ainda mais pessimista em relação ao governo.
Na conversa, FHC mostrou-se preocupado com a fragilização dos partidos diante do Estado, o que considera ruim para a democracia. Assim como na entrevista aos tucanos, criticou o aparelhamento partidário da administração pública. O ex-presidente viajou no início da semana para Hungria. Ele deve ficar até o final do mês percorrendo a Europa.


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