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REFÉM DA BASE
Empenho beneficia principalmente partidos governistas e representa 15,4% de todo o valor previsto no ano
Planalto libera R$ 135,8 milhões em 20 dias
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de o governo ter sido
derrotado ontem no Senado, que
aprovou a elevação do salário mínimo para R$ 275, no período em
que a medida provisória que estabeleceu o mínimo de R$ 260 tramitou na Câmara e no Senado, os
dados do Siafi (sistema de acompanhamento dos gastos federais)
mostram que, em apenas 20 dias,
o governo se comprometeu com o
pagamento de 15,4% de todo o valor reservado neste ano para atender às emendas parlamentares.
As emendas representam um
dos principais instrumentos usados para a manutenção da base de
apoio governista no Congresso.
Dos R$ 883 milhões reservados
às emendas, R$ 268 milhões teriam sido empenhados (comprometidos com gasto) até o início da
semana, segundo levantamento
do PSDB, sendo que R$ 135,8 milhões de 25 de maio até a última
segunda-feira.
O empenho nesses 20 dias beneficiou principalmente partidos
governistas e representa 15,4% de
todo o valor previsto no ano, percentual ligeiramente superior ao
empenhado de janeiro até 25 de
maio, que ficou em 15%.
Os 20 dias coincidem com os
momentos decisivos da tramitação na Câmara e no Senado da
MP do mínimo, embora governistas e assessores do Planalto neguem que as emendas tenham sido usadas como instrumento de
pressão sobre os parlamentares.
Estudo de acompanhamento
dos empenhos feito pela Comissão de Orçamento da Câmara a
pedido do deputado Pauderney
Avelino (PFL-AM) corrobora a
tendência dos números levantados pelo PSDB, mas abrange apenas o período até 4 de junho. Os
números da comissão mostram
também que, apesar do empenho,
menos de 2% tinha sido efetivamente pago até o dia 4.
"Temos de ter a visão crítica e
honesta de que este, por ser um
ano eleitoral, limita o período de
empenho [até o dia 3], mas essa
mesma visão crítica e honesta tem
que reconhecer que este governo
vem praticando o que condenamos por anos e anos", afirmou o
deputado Roberto Freire (PE),
presidente do governista PPS.
Os dados mostram que os partidos governistas foram, proporcionalmente, mais atendidos nos
20 dias: o PP teve empenhado
23,7% de todo o valor previsto para o partido em 2004. PT, PMDB,
PTB, PL e PPS ficaram entre 18% e
19%. Os três oposicionistas apresentaram números bem abaixo:
5,1% para o PSDB, 4,1% para o
PFL e 2,5% para o PDT.
Recentemente, PP, PTB e PL se
rebelaram na Câmara contra o
governo cobrando mais agilidade
na liberação das emendas parlamentares. Levando em conta os
valores empenhados no ano, o
PTB lidera, proporcionalmente.
O partido teve 49% do valor de
suas emendas empenhadas.
O PMDB vem atrás (42,7%), seguido pelo PL (41%), o PPS
(40,8%) e o PC do B (38,9%) do
ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política), que é o responsável
direto pelas liberações. A oposição continua abaixo da média:
5,3% para o PSDB, 4,8% para o
PFL e 2,5% para o PDT.
"Isso é inaceitável e fere completamente as normas de convivência. Quando éramos governo,
o tratamento não era esse. Já avisamos ao ministro Aldo Rebelo
que a reação será muito forte no
Congresso", afirmou o deputado
Custódio Mattos (MG), líder da
bancada do PSDB na Câmara.
Assessores do Planalto afirmam
que o cronograma de liberação
das emendas foi acertado no ano
passado e vem sendo cumprido
sem relação com votações. "Esse
documento é um panfleto", disse
o deputado Paulo Bernardo (PT-PR), presidente da Comissão de
Orçamento. Ele diz que é "bobagem" dizer que partido ou os partidos da base estão sendo privilegiados. A partir da semana que
vem, será criado um comitê de
acompanhamento orçamentário
na comissão.
(RANIER BRAGON)
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