São Paulo, sábado, 18 de junho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CPI

Presidente da CPI dos Correios nega que causou prejuízo à Petrobras, pede demissão de petista que o acusou e diz que fogo amigo é pior que oposição

PT é o pior inimigo dele próprio, diz Delcídio

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Responsabilizado por prejuízos quando foi diretor da Petrobras, o presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS) foi à tribuna e lançou acusações contra a estatal e ao PT.
Cobrou do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a demissão do diretor de Gás e Energia da estatal, Ildo Sauer, por "plantar dossiês" contra ele e disse que o PT não precisa de oposição porque é seu próprio pior inimigo.
"O maior adversário do PT não é a oposição. O maior adversário do PT somos nós mesmos", afirmou o senador, que é líder da bancada petista no Senado.
Ele foi à tribuna para responder a uma reportagem publicada ontem no jornal "O Estado de S.Paulo" dizendo que ele seria responsável por prejuízos contratuais de R$ 2 bilhões na Petrobras.
"Tenho uma vida ilibada e não aceito, num momento como hoje, uma molecagem como esta. E esta molecagem tem nome e sobrenome, chama-se Ildo Sauer. Espero que a lucidez do presidente Lula neutralize esse elemento absolutamente nocivo à vida da Petrobras e do governo", disse Delcídio, em tom emocionado.
O senador atribuiu o ataque ao fato de ter assumido a presidência da CPI e afirmou ser "impossível trabalhar assim".
Ele pediu de Lula mudanças na Petrobras na reforma ministerial, mas poupou o presidente do órgão, José Eduardo Dutra, que chamou de "homem sério".
Quase todos os senadores presentes, da oposição e da situação, pediram a palavra para prestar solidariedade e lamentar o "fogo amigo". Depois de descer da tribuna, recebeu um telefonema do Planalto, para onde foi chamado.
Segundo Delcídio, Sauer agiu por "inveja" do senador, que se considera "um neopetista, leal e corajoso, que cresceu no partido".
Sauer, técnico petista, seria ligado ao ministro Luiz Gushiken (Comunicação de Governo). O senador Heráclito Fortes (PFL-PI) preparou imediatamente um requerimento convocando Dutra e Sauer para a Comissão de Infra-estrutura para dar detalhes sobre a acusação de prejuízo.
Delcídio assinou o requerimento. No discurso, culpou a atual diretoria da Petrobras pelo prejuízo decorrente da garantia de rentabilidade mínima na compra de energia termelétrica.
Segundo ele, os contratos deveriam ter sido renegociados em janeiro de 2003, quando se verificou a recuperação dos reservatórios e a queda do mercado de energia devido ao racionamento.
Além de render frutos pelo desgaste interno do PT em momento de crise política, o apoio da oposição a Delcídio se sustenta pela relação direta com o PSDB e PFL.
Delcídio foi diretor de Gás e Energia da Petrobrás no governo Fernando Henrique Cardoso.
Em sua defesa, disse que o estudo de compra de energia termelétrica para a Petrobrás começou em 1996, antes de sua gestão. E afirmou que o parecer encomendado ao jurista Eros Grau constatou "boa-fé" dos gestores.


Texto Anterior: Ibope vê avaliação do governo pior após denúncias
Próximo Texto: Ministra e Dutra negam acusação de governista
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.