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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CPI
Presidente da CPI dos Correios nega que causou prejuízo à Petrobras, pede demissão de petista que o acusou e diz que fogo amigo é pior que oposição
PT é o pior inimigo dele próprio, diz Delcídio
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Responsabilizado por prejuízos
quando foi diretor da Petrobras, o
presidente da CPI dos Correios,
senador Delcídio Amaral (PT-MS) foi à tribuna e lançou acusações contra a estatal e ao PT.
Cobrou do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a demissão do diretor de Gás e Energia da estatal,
Ildo Sauer, por "plantar dossiês"
contra ele e disse que o PT não
precisa de oposição porque é seu
próprio pior inimigo.
"O maior adversário do PT não
é a oposição. O maior adversário
do PT somos nós mesmos", afirmou o senador, que é líder da
bancada petista no Senado.
Ele foi à tribuna para responder
a uma reportagem publicada ontem no jornal "O Estado de S.Paulo" dizendo que ele seria responsável por prejuízos contratuais de
R$ 2 bilhões na Petrobras.
"Tenho uma vida ilibada e não
aceito, num momento como hoje,
uma molecagem como esta. E esta
molecagem tem nome e sobrenome, chama-se Ildo Sauer. Espero
que a lucidez do presidente Lula
neutralize esse elemento absolutamente nocivo à vida da Petrobras e do governo", disse Delcídio, em tom emocionado.
O senador atribuiu o ataque ao
fato de ter assumido a presidência
da CPI e afirmou ser "impossível
trabalhar assim".
Ele pediu de Lula mudanças na
Petrobras na reforma ministerial,
mas poupou o presidente do órgão, José Eduardo Dutra, que chamou de "homem sério".
Quase todos os senadores presentes, da oposição e da situação,
pediram a palavra para prestar
solidariedade e lamentar o "fogo
amigo". Depois de descer da tribuna, recebeu um telefonema do
Planalto, para onde foi chamado.
Segundo Delcídio, Sauer agiu
por "inveja" do senador, que se
considera "um neopetista, leal e
corajoso, que cresceu no partido".
Sauer, técnico petista, seria ligado ao ministro Luiz Gushiken
(Comunicação de Governo). O
senador Heráclito Fortes (PFL-PI) preparou imediatamente um
requerimento convocando Dutra
e Sauer para a Comissão de Infra-estrutura para dar detalhes sobre
a acusação de prejuízo.
Delcídio assinou o requerimento. No discurso, culpou a atual diretoria da Petrobras pelo prejuízo
decorrente da garantia de rentabilidade mínima na compra de
energia termelétrica.
Segundo ele, os contratos deveriam ter sido renegociados em janeiro de 2003, quando se verificou
a recuperação dos reservatórios e
a queda do mercado de energia
devido ao racionamento.
Além de render frutos pelo desgaste interno do PT em momento
de crise política, o apoio da oposição a Delcídio se sustenta pela relação direta com o PSDB e PFL.
Delcídio foi diretor de Gás e
Energia da Petrobrás no governo
Fernando Henrique Cardoso.
Em sua defesa, disse que o estudo de compra de energia termelétrica para a Petrobrás começou
em 1996, antes de sua gestão. E
afirmou que o parecer encomendado ao jurista Eros Grau constatou "boa-fé" dos gestores.
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