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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ESTATAIS
Após terem pedido demissão, ex-diretores da estatal haviam sido nomeados por ministro para consultoria na presidência da empresa
Eunício cancela nomeações nos Correios
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Eunício Oliveira
(Comunicações) decidiu cancelar
a nomeação dos ex-diretores dos
Correios Maurício Coelho Madureira (Operações) e Eduardo Medeiros de Morais (Tecnologia) para os cargos de consultores da
presidência da estatal.
Os dois, funcionários de carreira da empresa, eram os nomes indicados pelo PT para compor a
diretoria dos Correios juntamente com outros nomes indicados
pelo PMDB. Eles haviam pedido
demissão na terça-feira da semana passada, junto com o restante
da diretoria e com o presidente da
empresa, por causa das denúncias
de corrupção na estatal.
O objetivo da demissão coletiva
era tentar amenizar a crise e abrir
caminho para as investigações de
corrupção no órgão. Mesmo assim, os dois diretores foram nomeados, na última segunda-feira,
consultores da presidência, voltando, assim, a ocupar posições
na cúpula da empresa.
Com a decisão de Eunício Oliveira, os indicados do PT passarão a ganhar aproximadamente
R$ 5.000 por mês, nos cargos de
administradores postais. Como
diretores, antes do pedido de demissão, ganhavam entre
R$ 14.000 e R$ 15.000. Se ficassem
como consultores da presidência,
ganhariam cerca de R$ 10.000.
Mais importante que o salários,
no entanto, é a condição de poder
ou não intervir nas decisões mais
importantes da estatal. Eles teriam essa possibilidade como
consultores, mas deixarão de tê-la
ao voltarem aos cargos originais.
Anteontem, procurado por
meio de sua assessoria de imprensa, o ministro das Comunicações
não quis se pronunciar sobre as
nomeações, informando apenas
que era assunto dos Correios.
Ontem pela manhã, no entanto,
sua assessoria disse que ele havia
decidido cancelar as nomeações.
À tarde, divulgou nota na qual informava que a decisão havia sido
tomada na noite de quinta.
Apesar do os Correios serem
uma estatal diretamente ligada ao
Ministério das Comunicações,
Eunício vinha tentando se manter
distante do escândalo de corrupção e não intervir diretamente.
A manobra do PT para manter
seus diretores na cúpula da estatal, como assessores da presidência, desagradou o PMDB, porque
fez com que apenas o partido tivesse prejuízo com a repercussão
do escândalo de corrupção, com a
perda de quatro cargos importantes (o presidente da empresa e outros três diretores).
Denúncias
O escândalo dos Correios surgiu
com a divulgação, no dia 14 de
maio, pela revista "Veja", de uma
gravação na qual Maurício Marinho, ex-chefe do Departamento
de Contratação e Administração
de Material, aparecia recebendo
R$ 3.000 de representantes de
uma empresa e indicando ligações com o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).
Em seu depoimento, terça-feira,
no Conselho de Ética da Câmara,
Jefferson disse que a maior parte
das denúncias de corrupção na
estatal estariam ligadas à diretoria
de Tecnologia, que era ocupada
por Eduardo Medeiros de Morais.
Segundo Jefferson, seria uma
indicação de Sílvio Pereira, secretário-geral do PT. Ainda de acordo com Jefferson, os problemas
estariam no contrato dos Correios com a empresa Skymaster.
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