São Paulo, sábado, 18 de junho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ESTATAIS

Após terem pedido demissão, ex-diretores da estatal haviam sido nomeados por ministro para consultoria na presidência da empresa

Eunício cancela nomeações nos Correios

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Eunício Oliveira (Comunicações) decidiu cancelar a nomeação dos ex-diretores dos Correios Maurício Coelho Madureira (Operações) e Eduardo Medeiros de Morais (Tecnologia) para os cargos de consultores da presidência da estatal.
Os dois, funcionários de carreira da empresa, eram os nomes indicados pelo PT para compor a diretoria dos Correios juntamente com outros nomes indicados pelo PMDB. Eles haviam pedido demissão na terça-feira da semana passada, junto com o restante da diretoria e com o presidente da empresa, por causa das denúncias de corrupção na estatal.
O objetivo da demissão coletiva era tentar amenizar a crise e abrir caminho para as investigações de corrupção no órgão. Mesmo assim, os dois diretores foram nomeados, na última segunda-feira, consultores da presidência, voltando, assim, a ocupar posições na cúpula da empresa.
Com a decisão de Eunício Oliveira, os indicados do PT passarão a ganhar aproximadamente R$ 5.000 por mês, nos cargos de administradores postais. Como diretores, antes do pedido de demissão, ganhavam entre R$ 14.000 e R$ 15.000. Se ficassem como consultores da presidência, ganhariam cerca de R$ 10.000.
Mais importante que o salários, no entanto, é a condição de poder ou não intervir nas decisões mais importantes da estatal. Eles teriam essa possibilidade como consultores, mas deixarão de tê-la ao voltarem aos cargos originais.
Anteontem, procurado por meio de sua assessoria de imprensa, o ministro das Comunicações não quis se pronunciar sobre as nomeações, informando apenas que era assunto dos Correios.
Ontem pela manhã, no entanto, sua assessoria disse que ele havia decidido cancelar as nomeações. À tarde, divulgou nota na qual informava que a decisão havia sido tomada na noite de quinta.
Apesar do os Correios serem uma estatal diretamente ligada ao Ministério das Comunicações, Eunício vinha tentando se manter distante do escândalo de corrupção e não intervir diretamente.
A manobra do PT para manter seus diretores na cúpula da estatal, como assessores da presidência, desagradou o PMDB, porque fez com que apenas o partido tivesse prejuízo com a repercussão do escândalo de corrupção, com a perda de quatro cargos importantes (o presidente da empresa e outros três diretores).

Denúncias
O escândalo dos Correios surgiu com a divulgação, no dia 14 de maio, pela revista "Veja", de uma gravação na qual Maurício Marinho, ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material, aparecia recebendo R$ 3.000 de representantes de uma empresa e indicando ligações com o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).
Em seu depoimento, terça-feira, no Conselho de Ética da Câmara, Jefferson disse que a maior parte das denúncias de corrupção na estatal estariam ligadas à diretoria de Tecnologia, que era ocupada por Eduardo Medeiros de Morais.
Segundo Jefferson, seria uma indicação de Sílvio Pereira, secretário-geral do PT. Ainda de acordo com Jefferson, os problemas estariam no contrato dos Correios com a empresa Skymaster.


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