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Humberto Costa diz que PT poderá não pagar suas dívidas irregulares
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
O secretário nacional de comunicação do PT, Humberto Costa,
acenou ontem com a possibilidade de o partido deixar de pagar os
débitos que não estejam regulares
e documentados.
"Só podemos assumir a dívida
que está escriturada, que está registrada em documentos do partido", disse o ex-ministro da Saúde,
em Recife. "Não vejo como é que
vamos poder tratar de uma dívida
que não tem nada no papel."
Se concretizada, a medida atingiria os supostos credores que teriam abastecido o PT de forma
clandestina para financiar campanhas e pagar parlamentares em
troca de apoio ao governo.
O ex-tesoureiro do PT Delúbio
Soares estimou ter recebido, só do
empresário Marcos Valério, cerca
de R$ 40 milhões na forma de empréstimos ao partido.
Esse valor, entretanto, corresponde a cerca de 50% do débito
calculado pela nova cúpula petista, de R$ 20,4 milhões, mais juros
e multas. Corrigido, o rombo estaria hoje em R$ 30 milhões.
O ex-ministro admitiu que a crise envolvendo o partido e o Congresso "resvala no governo indiretamente". "Mas acho que a população está sendo inteligente em
identificar que nem Lula nem o
governo têm envolvimento direto
com essas denúncias."
O saneamento das contas do
PT, disse Costa, será discutido
amanhã, em São Paulo, em reunião dos novos caciques da legenda. "Vamos ter que discutir isso,
até porque a gente não sabia dessa
dívida", declarou.
Sobre rumores de que a oposição estaria articulando um pedido de cassação do registro do PT,
disse não acreditar nessa possibilidade. "Isso aí certamente pode
ser alguma tentativa de alguém
querer, no tapetão, tirar o PT das
disputas políticas. É uma coisa
inaceitável", declarou.
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