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PF libera trechos de reunião e insiste que delegado quis sair
Divulgação de conversa sobre saída de Protógenes ocorreu após determinação de Lula
Delegado se ofereceu para concluir investigação da Satiagraha durante os finais de semana, mas cúpula
da polícia não concordou
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A direção da Polícia Federal
em Brasília divulgou ontem
três minutos e 55 segundos da
gravação de quase três horas da
reunião realizada na Superintendência da PF em São Paulo,
na segunda-feira, em que ficou
acertada a saída do delegado
Protógenes Queiroz da condução da Operação Satiagraha.
A intenção da PF é comprovar que Queiroz deixou o caso
por iniciativa própria, contestando a versão de que ele foi
afastado por ordem do comando da corporação. No entanto,
os trechos divulgados ontem
não deixam isso claro.
Segundo a PF, não foi possível abrir toda a gravação porque teriam sido abordados na
conversa diversos aspectos sigilosos da investigação.
A decisão de divulgar oficialmente os trechos da gravação
foi tomada depois de reunião
do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva com o ministro Tarso
Genro (Justiça) e o diretor-geral interino da PF, Romero Menezes, ontem de manhã, no Planalto. Na reunião, Lula optou
pela divulgação dos trechos para, segundo relato de presentes,
evitar que continuassem a ser
divulgadas versões "mentirosas" sobre a saída de Queiroz.
Participaram do encontro de
segunda Queiroz e sua equipe,
o superintendente da PF de São
Paulo, Leandro Coimbra, e dois
membros da cúpula da PF em
Brasília, o diretor de Combate
ao Crime Organizado, Roberto
Ciciliati Troncon Filho, e o chefe da Divisão de Repressão a
Crimes Financeiros, Paulo Teixeira. Ao todo, foram 12 pessoas. A conversa foi gravada por
decisão de Troncon.
Na próxima semana, Queiroz
inicia a parte presencial do
Curso Superior da PF, condição
necessária para ser promovido
após dez anos na função de delegado. Para não abrir mão do
curso, ele se ofereceu para continuar com a investigação nos
finais de semana, o que não foi
aceito pela cúpula da PF.
Nos trechos divulgados ontem, após sua sugestão não ter
sido aceita, ele, então, se prontifica a concluir até hoje o principal inquérito da investigação
e diz que não pretende voltar a
presidir o caso após o curso.
"E até mesmo depois da Academia eu não pretendo [reassumir os inquéritos]. A minha
proposta é que eu fico até o final da operação. A minha proposta é essa. Permanecer minha vinculação até o final desse
trabalho, para não ficar aquela
pecha de que Brasília vem fazer
operação nos Estados e deixa
no meio do caminho", disse ele.
"As minhas nunca ficaram no
meio do caminho, as minhas
nunca ficaram. E, a exemplo
dessa, não vai ficar, só que com
um diferencial: eu não pretendo presidir nenhuma investigação, ficarei no apoio do trabalho", completou.
Troncon, seu chefe imediato,
disse em seguida: "Se eventualmente, dentro do desdobramento natural desse inquérito
que se instaurou, você conseguir concluir antes do período
da Academia, sem nenhum
problema. Agora, se não conseguir, dentro da melhor técnica,
você falar "não, requer mais
tempo, maior análise", aí a gente passa para um dos colegas".
No começo, Queiroz elogiou
Troncon de forma enfática, falando bem também do diretor-geral da PF, Luiz Fernando
Corrêa. Ele admitiu que houve
erros na execução da operação.
"Aqui é uma avaliação de erros,
para nós nos corrigirmos e nos
policiarmos. Então houve a
presença da imprensa aqui em
São Paulo? Houve. Falhou? Falhou. Quem falhou? Queiroz falhou, porque doutor Troncon
me depositou e eu firmei compromisso com ele, mas falhou
ao meu controle."
A amigos, segundo a Folha
apurou, Queiroz passou a difundir na terça-feira a versão
de que ele tinha sido obrigado a
se afastar por ter contrariado
ordens de seus superiores.
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