São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 2008

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Senadora diz que irá acionar STF contra aliado de Dantas

Segundo Kátia Abreu, cunhado de banqueiro e publicitário sabiam que estavam sendo gravados quando falaram de suposta propina

ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A senadora licenciada Kátia Abreu (DEM-TO) anunciou ontem que vai ingressar no STF (Supremo Tribunal Federal) com uma ação de interpelação judicial criminal contra o empresário Arthur Joaquim de Carvalho, cunhado de Daniel Dantas, e Guilherme Henrique Sodré, publicitário que atuaria, diz a PF, para o banqueiro.
Em conversa gravada pela Polícia Federal com autorização judicial e que consta do relatório da Operação Satiagraha, Carvalho fala a Sodré que Abreu teria recebido R$ 2 milhões para modificar uma medida provisória sobre o setor de portos. Ela nega a acusação.
De acordo com Carvalho, a propina teria sido paga pela OAS. Procurada nos últimos dois dias, a construtora não quis se manifestar sobre o caso.
Abreu apresentou emenda para permitir que controladores de portos privados pudessem movimentar cargas de outras empresas sem limites de quantidade. A emenda beneficiaria Eike Batista, que tem o projeto de investir R$ 6 bilhões em um porto em Peruíbe (SP).
A mudança, no entanto, contrariava os interesses de Dantas, dono da Santos Brasil, que opera terminal portuário. "É um tiro na nossa testa", disse Carvalho, durante a conversa com Sodré no dia 27 de maio.
Kátia Abreu disse ter sido procurada por diversas empresas, mas que não recebeu propina. "Não é a primeira vez que enfrento cartel. Eles [Sodré e Carvalho] são escroques que quiseram prejudicar a mim. Essas pessoas sabiam que estavam sendo gravadas", disse.
Ela disse ainda ter ficado "chocada" com a divulgação do grampo. "Esse tipo de coisa pode levar os congressistas ao medo", disse. "Como eles estão acostumados a comprar pessoas, eles não acreditam que alguém faça alguma coisa por ideal." Ela negou ter conversado sobre a emenda com o senador Heráclito Fortes (DEM-PI), também citado no grampo.
A senadora anunciou que apresentará ação de indenização por danos morais contra a União. Ela acusa a PF, que é subordinada ao Ministério da Justiça, de ter vazado propositalmente os diálogos.
A senadora relatou ter sido procurada pelo diretor da OAS João Martins Neto, que concordava com as mudanças propostas na MP. Ela também contou ter falado com Eike sobre o assunto. Do Opportunity, ela disse ter sido procurada no seu gabinete por Carlos Rodenburg, ex-cunhado de Dantas.
Heráclito pediu ao STF acesso aos inquéritos judicial e policial que levaram à prisão de Dantas, do investidor Naji Nahas e do ex-prefeito Celso Pitta. Ele disse que "foi exposto de forma ilegal e irresponsável, procurando levar a sociedade a crer tratar-se o parlamentar de integrante de "organização criminosa'". Ontem, o ministro Gilmar Mendes, presidente do STF, concedeu o acesso.



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