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Senadora diz que irá acionar STF contra aliado de Dantas
Segundo Kátia Abreu, cunhado de banqueiro e publicitário sabiam que estavam sendo gravados quando falaram de suposta propina
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A senadora licenciada Kátia
Abreu (DEM-TO) anunciou
ontem que vai ingressar no STF
(Supremo Tribunal Federal)
com uma ação de interpelação
judicial criminal contra o empresário Arthur Joaquim de
Carvalho, cunhado de Daniel
Dantas, e Guilherme Henrique
Sodré, publicitário que atuaria,
diz a PF, para o banqueiro.
Em conversa gravada pela
Polícia Federal com autorização judicial e que consta do relatório da Operação Satiagraha,
Carvalho fala a Sodré que
Abreu teria recebido R$ 2 milhões para modificar uma medida provisória sobre o setor de
portos. Ela nega a acusação.
De acordo com Carvalho, a
propina teria sido paga pela
OAS. Procurada nos últimos
dois dias, a construtora não
quis se manifestar sobre o caso.
Abreu apresentou emenda
para permitir que controladores de portos privados pudessem movimentar cargas de outras empresas sem limites de
quantidade. A emenda beneficiaria Eike Batista, que tem o
projeto de investir R$ 6 bilhões
em um porto em Peruíbe (SP).
A mudança, no entanto, contrariava os interesses de Dantas, dono da Santos Brasil, que
opera terminal portuário. "É
um tiro na nossa testa", disse
Carvalho, durante a conversa
com Sodré no dia 27 de maio.
Kátia Abreu disse ter sido
procurada por diversas empresas, mas que não recebeu propina. "Não é a primeira vez que
enfrento cartel. Eles [Sodré e
Carvalho] são escroques que
quiseram prejudicar a mim. Essas pessoas sabiam que estavam sendo gravadas", disse.
Ela disse ainda ter ficado
"chocada" com a divulgação do
grampo. "Esse tipo de coisa pode levar os congressistas ao medo", disse. "Como eles estão
acostumados a comprar pessoas, eles não acreditam que alguém faça alguma coisa por
ideal." Ela negou ter conversado sobre a emenda com o senador Heráclito Fortes (DEM-PI), também citado no grampo.
A senadora anunciou que
apresentará ação de indenização por danos morais contra a
União. Ela acusa a PF, que é subordinada ao Ministério da
Justiça, de ter vazado propositalmente os diálogos.
A senadora relatou ter sido
procurada pelo diretor da OAS
João Martins Neto, que concordava com as mudanças propostas na MP. Ela também contou ter falado com Eike sobre o
assunto. Do Opportunity, ela
disse ter sido procurada no seu
gabinete por Carlos Rodenburg, ex-cunhado de Dantas.
Heráclito pediu ao STF acesso aos inquéritos judicial e policial que levaram à prisão de
Dantas, do investidor Naji Nahas e do ex-prefeito Celso Pitta.
Ele disse que "foi exposto de
forma ilegal e irresponsável,
procurando levar a sociedade a
crer tratar-se o parlamentar de
integrante de "organização criminosa'". Ontem, o ministro
Gilmar Mendes, presidente do
STF, concedeu o acesso.
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