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De volta, Cacciola diz que "confia na Justiça"
Ex-banqueiro, que foi levado ao presídio Ary Franco, no Rio, afirma que não é "bomba" nem estava foragido do país
Defesa entrou com pedido de habeas corpus no STJ; Artur Gueiros, procurador da República, afirma que Cacciola "empreendeu fuga"
PEDRO DIAS LEITE
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
Extraditado do principado de
Mônaco e distante do Brasil havia oito anos, o ex-banqueiro
Alberto Salvatore Cacciola, 64,
disse ontem, em sua volta ao
país, que não é "nenhuma bomba" e que espera ser colocado
em liberdade pela Justiça.
"Se eu quisesse falar, teria falado em Roma. Não tenho nada
para falar, não sou nenhuma
bomba. Tudo está no meu livro
["Eu, Alberto Cacciola, Confesso" (2001, editora Record)] e
nos autos do processo", disse.
Seus advogados afirmaram
que ele não pretende voltar à
Europa caso tenha o pedido de
habeas corpus aceito.
Cacciola relembrou a situação de colegas do caso Marka.
"Francisco Lopes [ex-presidente do BC] foi condenado,
Tereza Grossi [ex-diretora do
BC] foi condenada. Estão em liberdade. Eu também estava
respondendo ao processo em
liberdade, por carta rogatória,
só que na Itália", disse, no vôo.
"As pessoas que foram condenadas comigo no processo
estão trabalhando, livres, ganhando seu dinheiro. Eu não
estava fazendo mais do que eles
estão fazendo aqui. Só que estava na Itália", disse em entrevista na Superintendência da PF
no Rio. "Confio na Justiça."
Seus advogados entraram
com pedido de habeas corpus
no STJ, alegando que o prazo
de prisão preventiva aceito pela
jurisprudência no país -81
dias- foi expirado.
O ex-banqueiro foi beneficiado por habeas corpus concedido pelo ministro Marco Aurélio
Mello, do STF, em 2000. Um
dia após sair da prisão, estava
no Uruguai, rumo à Itália.
Quando a liminar foi cassada,
estava na Itália, de onde não
podia ser extraditado por ter cidadania italiana. Foi preso em
Mônaco, em setembro de 2007,
pela Interpol.
Cacciola era dono do banco
Marka e se envolveu em operações que resultaram num prejuízo de R$ 1,6 bilhão ao governo brasileiro, na desvalorização
forçada do real, em 1999. Em
2005, foi condenado a 13 anos
de prisão pelos crimes de gestão fraudulenta de instituição
financeira e peculato.
"É o criminoso nº 1 da Justiça
Federal", disse o procurador da
República Artur Gueiros. "Ele
respondia a processo por crimes graves, não podendo se
afastar do distrito da culpa, sem
autorização judicial, tendo portanto empreendido fuga", disse, por meio da assessoria.
Cacciola negou que estivesse
foragido. "Entrei na Itália e saí
do Brasil oficialmente".
O ex-banqueiro foi levado
para o presídio Ary Franco, na
zona norte do Rio. Seus advogados querem a transferência para cela individual na penitenciária de Bangu 8), o que não
haviam conseguido até a conclusão desta edição.
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