São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 2008

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De volta, Cacciola diz que "confia na Justiça"

Ex-banqueiro, que foi levado ao presídio Ary Franco, no Rio, afirma que não é "bomba" nem estava foragido do país

Defesa entrou com pedido de habeas corpus no STJ; Artur Gueiros, procurador da República, afirma que Cacciola "empreendeu fuga"


PEDRO DIAS LEITE
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

Extraditado do principado de Mônaco e distante do Brasil havia oito anos, o ex-banqueiro Alberto Salvatore Cacciola, 64, disse ontem, em sua volta ao país, que não é "nenhuma bomba" e que espera ser colocado em liberdade pela Justiça.
"Se eu quisesse falar, teria falado em Roma. Não tenho nada para falar, não sou nenhuma bomba. Tudo está no meu livro ["Eu, Alberto Cacciola, Confesso" (2001, editora Record)] e nos autos do processo", disse.
Seus advogados afirmaram que ele não pretende voltar à Europa caso tenha o pedido de habeas corpus aceito.
Cacciola relembrou a situação de colegas do caso Marka. "Francisco Lopes [ex-presidente do BC] foi condenado, Tereza Grossi [ex-diretora do BC] foi condenada. Estão em liberdade. Eu também estava respondendo ao processo em liberdade, por carta rogatória, só que na Itália", disse, no vôo.
"As pessoas que foram condenadas comigo no processo estão trabalhando, livres, ganhando seu dinheiro. Eu não estava fazendo mais do que eles estão fazendo aqui. Só que estava na Itália", disse em entrevista na Superintendência da PF no Rio. "Confio na Justiça."
Seus advogados entraram com pedido de habeas corpus no STJ, alegando que o prazo de prisão preventiva aceito pela jurisprudência no país -81 dias- foi expirado.
O ex-banqueiro foi beneficiado por habeas corpus concedido pelo ministro Marco Aurélio Mello, do STF, em 2000. Um dia após sair da prisão, estava no Uruguai, rumo à Itália. Quando a liminar foi cassada, estava na Itália, de onde não podia ser extraditado por ter cidadania italiana. Foi preso em Mônaco, em setembro de 2007, pela Interpol.
Cacciola era dono do banco Marka e se envolveu em operações que resultaram num prejuízo de R$ 1,6 bilhão ao governo brasileiro, na desvalorização forçada do real, em 1999. Em 2005, foi condenado a 13 anos de prisão pelos crimes de gestão fraudulenta de instituição financeira e peculato.
"É o criminoso nº 1 da Justiça Federal", disse o procurador da República Artur Gueiros. "Ele respondia a processo por crimes graves, não podendo se afastar do distrito da culpa, sem autorização judicial, tendo portanto empreendido fuga", disse, por meio da assessoria.
Cacciola negou que estivesse foragido. "Entrei na Itália e saí do Brasil oficialmente".
O ex-banqueiro foi levado para o presídio Ary Franco, na zona norte do Rio. Seus advogados querem a transferência para cela individual na penitenciária de Bangu 8), o que não haviam conseguido até a conclusão desta edição.

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