São Paulo, sexta-feira, 18 de agosto de 2000


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SÃO PAULO
Ex-presidente, impedido pelo Senado em 92 de exercer cargo público por oito anos, participará do horário eleitoral a partir de hoje
TRE derruba veto à candidatura Collor

MARCELO SOARES
DA REPORTAGEM LOCAL

O TRE (Tribunal Regional Eleitoral) derrubou ontem o impedimento da candidatura de Fernando Collor de Mello (PRTB) à Prefeitura de São Paulo, por quatro votos a três. Com isso, o ex-presidente da República pode usar o horário eleitoral a partir de hoje.
A decisão contrária ao ex-presidente havia sido dada no dia 4, pelo juiz Percival Albano Nogueira Jr. Seu argumento era de que, como Collor está impedido de exercer cargos públicos até o final do ano, não poderia ser candidato.
O PSTU, o candidato Paulo Maluf (PPB) e a Coligação Respeito por São Paulo, de Geraldo Alckmin (PSDB), autores dos pedidos de impugnação, podem recorrer da decisão ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até domingo.
O PSTU e a coligação de Alckmin devem entrar com recurso.
"Para nós, foi uma surpresa. Esperávamos que fosse negado o recurso", disse Fábio Bosco, candidato a prefeito pelo PSTU.
O advogado da Coligação Respeito por São Paulo, Ricardo Penteado, disse que vai recorrer porque, segundo ele, como três entre sete juízes do TRE votaram contra a candidatura, o assunto deve ser resolvido em Brasília.
Ricardo Tosto, advogado de Paulo Maluf (PPB), disse que não pretende recorrer da decisão por enquanto. "A priori, vamos acatar a decisão do TRE."
Segundo Levy Fidélix da Cruz, presidente do PRTB e candidato a vice de Collor, a decisão judicial será comemorada hoje com uma carreata no centro de São Paulo, partindo da Assembléia Legislativa. "A candidatura não só está viva, mas revigorada."
O tema do primeiro programa de Collor na TV, hoje, será a decisão do TRE. Apesar de proibido de ser candidato, Collor já havia aparecido na TV apresentando o programa dos candidatos a vereador pelo PRTB, como "presidente de honra" do partido.
"As esquerdas que se preparem. Collor é o melhor candidato de centro-direita e o eleitorado paulistano é de direita. O segundo turno vai ser entre Collor e o Lula de saias", disse Fidélix, referindo-se à petista Marta Suplicy.
Na pesquisa Datafolha divulgada hoje, Collor tem 1% das intenções de voto e 58% de rejeição.

Impedimento
Em maio de 1992, Pedro Collor, irmão do ex-presidente, disse que Paulo César Farias, tesoureiro de campanha de Collor, era seu testa-de-ferro. Segundo Pedro, 70% das propinas recolhidas por PC ficavam com Collor, e 30% com PC.
Foi aberta uma CPI para apurar as denúncias. Em 29 de setembro, a Câmara dos Deputados aprovou abertura de um processo de impeachment.
Collor renunciou em 29 de dezembro de 1992, logo após o início da sessão do Senado que o impediria de exercer cargos públicos por oito anos. A punição cessa em 29 de dezembro deste ano.
Em 98, Collor tentou novamente ser candidato à Presidência da República. O Supremo Tribunal Federal negou sua candidatura e o manteve inelegível porque, se eleito, não poderia tomar posse.
Em 99, Collor pediu a transferência de seu domicílio eleitoral para São Paulo e se filiou ao PRTB. O PT recorreu, mas o TRE aceitou a mudança.

"Tapetão"
No início da semana, antes do julgamento do recurso, Levy Fidélix, comparou a situação de Collor à do Gama, time de futebol de Brasília que obteve na Justiça desportiva o direito de participar do campeonato brasileiro.
"Isso é jogo de tapetão. O Gama tanto insistiu que acabou ganhando, sozinho, contra o Grupo dos 13. Nós estamos contra o PT, o PSDB, o PPB..."


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