|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
João Paulo escolhe Elcione Barbalho para a Ouvidoria
DA AGÊNCIA FOLHA
DO ENVIADO A BRASÍLIA
A ex-deputada federal e pedagoga Elcione Therezinha Barbalho, 53, ex-mulher do parlamentar paraense Jader Barbalho
(PMDB), foi nomeada pelo presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), para ocupar um
CNE (Cargo de Natureza Especial) na Ouvidoria Parlamentar.
Na prática, porém, conforme
revelou o presidente da Casa, ela
atuará no recém-criado "departamento de relações internacionais
da presidência da Câmara".
João Paulo disse que a escolha
foi pessoal (leia texto nesta página). A Ouvidoria foi criada para
"receber, examinar e encaminhar
aos órgãos competentes as reclamações ou representações de pessoas físicas ou jurídicas".
O ouvidor, Luciano Zica (PT-SP), confirmou ter recebido um
ofício da presidência da Casa com
o pedido de que fosse "cedido"
um CNE para a cota do presidente, João Paulo. "É uma vaga que a
Ouvidoria não estava usando, e a
presidência usou", disse Zica. Indagado sobre a razão de não fechar a vaga ociosa, o deputado explicou: "Pois é, eu não tenho autonomia. Eu não sou eleito para a
Ouvidoria, eu sou indicado. Não
tenho competência para isso [fechar a vaga]".
Além da vaga de Elcione, o deputado disse ter "cedido" outros
três cargos de CNEs da Ouvidoria
para a liderança do PT na Casa.
Ele não sabe se esses cargos já foram preenchidos. Na Ouvidoria
mesmo, há 18 ocupantes de CNEs
atuando. É tanta gente, para o tamanho da sala, que Luciano Zica
teve de organizar dois turnos de
trabalho dos CNEs: um vai das 8h
às 14h -"sem almoço", disse Zica-, e o outro, das 14h às 20h.
Na semana passada, o ouvidor
enviou um ofício ao deputado
João Paulo Cunha sugerindo que
sejam criados cargos de SPs (Secretários Parlamentares) para
"garantir" que os ocupantes de
CNEs "se dediquem efetiva e exclusivamente às tarefas previstas
na resolução que os criou".
Enquanto receberá salários por
uma função destinada a interagir
com os eleitores, a ex-mulher de
Jader Barbalho "vai trabalhar por
produção" na organização de viagens, segundo o próprio presidente da Câmara. Poderá, eventualmente, residir no Pará.
Elcione teve seu sigilo bancário
quebrado nas investigações, ainda em curso no STF (Supremo
Tribunal Federal), a respeito dos
desvios do Banpará (Banco do Estado do Pará). Em 2001, para evitar a cassação, Jader renunciou do
Senado justamente por causa do
caso Banpará e de supostas irregularidades na extinta Sudam
(Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia). Nos processos, tanto Elcione como Jader
negam participação nos casos.
A assessoria de Elcione confirmou o convite para o cargo na ouvidoria, mas disse que a ex-deputada e candidata derrotada nas últimas eleições ao Senado ainda
não definiu seu futuro. Hoje ela é
a secretária paraense Extraordinária de Assuntos Institucionais,
com gabinete em Belém (PA). Elcione não foi localizada para falar
sobre o assunto. A assessoria disse
que ela estava "incomunicável",
no interior do Pará.
(JM, EDS E RV)
Texto Anterior: Câmara oculta: Câmara usa projeto assistencial como cabide Próximo Texto: Outro lado: "Preciso de casos concretos" Índice
|