São Paulo, quinta-feira, 18 de agosto de 2005

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CASO SANTO ANDRÉ

Medida tinha sido solicitada havia três anos pela família do ex-prefeito de Santo André, assassinado em 2002

Polícia paulista reabre inquérito sobre morte de Daniel

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, determinou ontem a volta da Polícia Civil na investigação sobre o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT).
O secretário resistiu três anos para ordenar a medida, que vinha sendo solicitada pela família de Daniel. O prefeito foi morto em janeiro de 2002 quando voltava de um jantar com o ex-segurança e empresário Sérgio Gomes da Silva, apontado pelo Ministério Público como o mandante do crime.
Abreu Filho entendia que a polícia já havia investigado o caso, detido seis homens da Favela Pantanal e concluído por crime comum, sem mandantes nem plano específico para matar Daniel.
A conclusão do Ministério Público foi oposta. Disse que o crime foi premeditado, que Gomes da Silva é réu (não testemunha, como disse a polícia) e que outras pessoas ainda estão envolvidas.

Mortes
O retorno da polícia no caso foi definido ontem em reunião entre familiares de Daniel e promotores criminais de Santo André. O delegado-geral da Polícia Civil, Marco Antônio Desgualdo, que avalizou a primeira investigação, também estava presente.
No encontro, que teve troca de farpas entre promotores e policiais, ficou decidido que a polícia irá ajudar o Ministério Público na investigação de outros possíveis mandantes do crime.
A polícia irá investigar ainda a série de assassinatos que aconteceram após a morte de Daniel. Em janeiro do ano passado, a Folha publicou que seis pessoas que tiveram algum vínculo com os fatos que cercaram a morte do prefeito foram assassinadas.
Foi morto, por exemplo, o garçom que atendeu a mesa de Daniel e de Sérgio Gomes no restaurante, na noite do crime. Um dia depois, foi assassinada a testemunha da morte do garçom.

Nova delegada
Abreu Filho pediu para que os ressentimentos entre policiais e promotores fiquem no passado e que órgãos trabalhem juntos para solucionar o crime.
Os irmãos de Daniel, Bruno e João Francisco, se opuseram à entrada de delegados do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) no caso -o setor cuidou da primeira investigação.
Partiu de Desgualdo a indicação da delegada Elisabete Sato, do 78º Distrito Policial, dos Jardins. O nome dela foi aprovado pelos familiares e pela Promotoria, mas ela ainda será consultada.
Os promotores Roberto Wider Filho e Amaro Thomé Filho pediram ao secretário a indicação de dois agentes da polícia que ajudem no trabalho da Promotoria, o que foi aceito.
"Estamos bastante otimistas com a entrada da polícia na investigação. O que aconteceu no passado, deve ficar no passado. O que importa é solucionar o caso", afirmou João Francisco.


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