São Paulo, sexta-feira, 18 de agosto de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Na TV, Alckmin pulveriza ataques a Lula

Tucano não aparece falando contra presidente, mas inserções do PSDB e fala de agricultor paranaense criticam petista

Produtor rural, que só apareceu no programa da noite, diz que Brasil não é "filé mignon" ao qual Lula se referiu no início da tarde


MICHELE OLIVEIRA
DA REDAÇÃO

A campanha na TV de Geraldo Alckmin, que começou com referências sutis à corrupção no programa do início da tarde de ontem, partiu para o ataque à noite, no segundo dia de propaganda dos candidatos a presidente.
Logo no início do programa tucano, um homem identificado como Álvaro Liceski, agricultor do Paraná, apareceu dizendo: "A gente vê a reportagem do Lula dizendo que o Brasil é o filé mignon. Mas será que é esse aqui o filé mignon?", afirmou, olhando para uma plantação atrás dele. "Ninguém tá aqui na roça junto com nós, vendo o outro lado: que é você produzir, você lutar e trabalhar e não ter recompensa por isso."
O programa reagiu a uma fala de Lula exibida sete horas antes, na qual ele dizia que tinha ficado "emocionado" ao saber que "um trabalhador" tinha comido filé mignon pela primeira vez na vida em seu governo. O PT também exibiu a declaração à noite.
A crítica do agricultor foi veiculada antes mesmo da vinheta de abertura do programa de Alckmin -estratégia de marketing para desvincular o tucano do ataque a Lula.
A seguir, o agricultor disse que é preciso mudar. Toda a declaração foi exibida entre duas barras vermelhas na tela, com a inscrição "Por um Brasil decente", nome da coligação PSDB-PFL que apóia Alckmin.
No programa da tarde -o mesmo de terça à noite-, Alckmin não fez referências diretas ao tema da corrupção. O locutor do programa destacou sua "história limpa". Seu jingle usou as palavras "honesto" e "competente" e os versos: "Quem conhece sabe que ele fala e faz. Quem acreditou, nunca se enganou". Em seu discurso, repetiu palavras como "seriedade" e "verdade".

Dólar na cueca
O tom do PSDB já vinha subindo ao logo do dia, com a exibição de inserções de candidatos a deputado federal da sigla, exibidas ao longo da programação normal de TV.
O partido falou de crise claramente, citando o mensalão, nas peças publicitárias de 30 segundos, com fundo vermelho e o jingle: "Não pro mensalão. Pra dólar na cueca, mentiroso, eu digo não". Somente no final apareceu o selo "deputados federais do PSDB".
Curtas e exibidas quase sem identificação, as inserções são valorizadas pelos partidos porque atingem até os telespectadores arredios à propaganda eleitoral.
No rádio, a campanha de Alckmin também havia citado Lula, reclamando de sua ausência no debate da Band, na última segunda-feira. "Lula não foi para fugir de responder por que ele abandonou o Brasil na questão da segurança pública."


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