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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Na TV, Alckmin pulveriza ataques a Lula
Tucano não aparece falando contra presidente, mas inserções do PSDB e fala de agricultor paranaense criticam petista
Produtor rural, que só apareceu no programa da noite, diz que Brasil não é "filé mignon" ao qual Lula se referiu no início da tarde
MICHELE OLIVEIRA
DA REDAÇÃO
A campanha na TV de Geraldo Alckmin, que começou com
referências sutis à corrupção
no programa do início da tarde
de ontem, partiu para o ataque
à noite, no segundo dia de propaganda dos candidatos a presidente.
Logo no início do programa
tucano, um homem identificado como Álvaro Liceski, agricultor do Paraná, apareceu dizendo: "A gente vê a reportagem do Lula dizendo que o Brasil é o filé mignon. Mas será que
é esse aqui o filé mignon?", afirmou, olhando para uma plantação atrás dele. "Ninguém tá
aqui na roça junto com nós,
vendo o outro lado: que é você
produzir, você lutar e trabalhar
e não ter recompensa por isso."
O programa reagiu a uma fala
de Lula exibida sete horas antes, na qual ele dizia que tinha
ficado "emocionado" ao saber
que "um trabalhador" tinha comido filé mignon pela primeira
vez na vida em seu governo. O
PT também exibiu a declaração
à noite.
A crítica do agricultor foi veiculada antes mesmo da vinheta
de abertura do programa de
Alckmin -estratégia de marketing para desvincular o tucano
do ataque a Lula.
A seguir, o agricultor disse
que é preciso mudar. Toda a declaração foi exibida entre duas
barras vermelhas na tela, com a
inscrição "Por um Brasil decente", nome da coligação PSDB-PFL que apóia Alckmin.
No programa da tarde -o
mesmo de terça à noite-, Alckmin não fez referências diretas
ao tema da corrupção. O locutor do programa destacou sua
"história limpa". Seu jingle
usou as palavras "honesto" e
"competente" e os versos:
"Quem conhece sabe que ele fala e faz. Quem acreditou, nunca
se enganou". Em seu discurso,
repetiu palavras como "seriedade" e "verdade".
Dólar na cueca
O tom do PSDB já vinha subindo ao logo do dia, com a exibição de inserções de candidatos a deputado federal da sigla,
exibidas ao longo da programação normal de TV.
O partido falou de crise claramente, citando o mensalão, nas
peças publicitárias de 30 segundos, com fundo vermelho e
o jingle: "Não pro mensalão.
Pra dólar na cueca, mentiroso,
eu digo não". Somente no final
apareceu o selo "deputados federais do PSDB".
Curtas e exibidas quase sem
identificação, as inserções são
valorizadas pelos partidos porque atingem até os telespectadores arredios à propaganda
eleitoral.
No rádio, a campanha de
Alckmin também havia citado
Lula, reclamando de sua ausência no debate da Band, na última segunda-feira. "Lula não foi
para fugir de responder por que
ele abandonou o Brasil na questão da segurança pública."
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