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Fundadores da Renascer são condenados à prisão nos EUA
Sentença, que não permite recurso, determina 140 dias de reclusão para líderes de igreja
Estevam e Sônia Hernandes cumprirão ainda 5 meses de prisão domiciliar e 2 anos de liberdade condicional por não declararem dinheiro
DENYSE GODOY
ENVIADA ESPECIAL A MIAMI
Os fundadores da Igreja
Apostólica Renascer em Cristo,
apóstolo Estevam Hernandes
Filho, 53, e sua mulher, bispa
Sônia Hernandes, 48, foram
condenados pela Justiça americana a 140 dias de reclusão,
mais cinco meses de prisão domiciliar e dois anos de liberdade condicional pelos crimes de
conspiração para contrabando
de dinheiro e contrabando de
dinheiro. Além disso, cada um
foi multado em US$ 30 mil.
Em junho, eles fizeram acordo com a promotoria e se declararam culpados, renunciando
ao direito de ir a júri popular e
de recorrer do veredicto.
Estevam deve se entregar na
segunda-feira até o meio-dia.
Cumprirá a pena de reclusão
no presídio FCI (Instituto Correcional Federal), no centro de
Miami, ao lado do tribunal onde foi anunciada a sentença pelo juiz Federico Moreno.
"Poderia ter sido bem pior",
disse Moreno aos réus quando
eles começaram a chorar após a
sentença. A pena prevista para
cada um dos crimes é de cinco
anos de prisão e multa de até
US$ 250 mil. O acordo costurado entre promotoria e defesa
era de dez a 16 meses de prisão
-ou seja, o casal foi condenado
à mínima pena possível.
Para que sua família não fique "desamparada", o juiz permitiu que Estevam e Sônia
cumpram a reclusão alternadamente. Entrou em vigor ontem
a prisão domiciliar da bispa,
que não pode deixar sua residência, em um condomínio de
luxo em Boca Ratón (Flórida).
Em 21 de janeiro de 2008, duas
semanas após o apóstolo seguir
para casa, é a vez de Sônia rumar para uma penitenciária. O
período de condicional, durante o qual eles não podem sair
dos EUA sem autorização da
Justiça, começou a contar ontem. Após a reclusão e a prisão
domiciliar, restarão 14 meses
de liberdade supervisionada.
"O que fizeram é algo que não
se espera de pessoas religiosas.
Fico pensando se lhes deveria
ser dada uma sentença mais severa por conta disso", disse Moreno durante a fase de comentários da defesa e da acusação.
O fato de os dois esconderem
que portavam US$ 56.467
quando viajavam de São Paulo
a Miami, em janeiro, era importante, segundo o juiz. "Como
não há nenhuma condenação
contra eles no Brasil, vou assumir que a origem do dinheiro é
lícita. Esse é um assunto para as
autoridades brasileiras conduzirem", disse Moreno.
Moreno descontou do tempo
de reclusão -inicialmente, cinco meses- os dez dias em que
os dois ficaram presos logo
após serem pegos em flagrante
na alfândega, onde deveriam
ter informado que carregavam
mais de US$ 10 mil em espécie.
Mas não acatou a solicitação da
defesa de descontar também
esses sete meses nos quais, enquanto aguardavam o julgamento, ficaram sob liberdade
condicional. "Não me diga que
ficar no conforto da sua casa,
rodeado dos familiares, é a
mesma coisa que cumprir pena
no presídio", disse o juiz.
Antes da sentença, o casal pediu "misericórdia" diversas vezes. "Tenho um profundo arrependimento na minha vida.
Mas o senhor, como Deus, pode
perdoar", clamou Sônia ao juiz
aos prantos. "Queremos continuar a nossa missão de abençoar vidas", afirmou Estevam.
Após a sentença, nem o casal
nem seus advogados falaram.
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