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Lula desafia ex-secretária da Receita a mostrar sua agenda
Presidente diz não entender por que Lina não prova que reunião com Dilma aconteceu
Para petista, episódio será esclarecido hoje, durante depoimento da ex-chefe do fisco à CCJ; Lula deveria calar a boca sobre caso, diz Simon
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desafiou a ex-secretária da Receita Federal Lina
Vieira a mostrar sua agenda como forma de provar que se encontrou no final do ano passado a sós com a ministra Dilma
Rousseff, na Casa Civil.
Segundo Lina, a ministra teria lhe pedido para concluir rapidamente uma investigação
que o fisco fazia nas empresas
da família de José Sarney
(PMDB-AP). Dilma nega que o
encontro tenha ocorrido.
"Qual a razão que essa secretária tinha para dizer que conversou com a Dilma e não mostrar a agenda? Dilma já disse
que não tem agenda com ela. Só
tem um jeito: abrir a mala em
que ela levou a agenda e mostrar a agenda para todo mundo", disse o presidente.
Em entrevista à Folha, a ex-secretária da Receita deu detalhes da roupa de Dilma e do cafezinho que foi oferecido a ela,
mas disse que não sabia precisar a data do encontro. Afirmou que não conseguiu encontrar as agendas nas quais estariam anotados o compromisso
porque seus pertences estão
embalados para a mudança para o Rio Grande do Norte. Lina
Vieira ficou no cargo 11 meses.
O depoimento da ex-secretária está marcado para as 9h de
hoje na CCJ (Comissão de
Constituição e Justiça) do Senado. Lina chegou ontem pela
manhã a Brasília e passou o dia
confinada no hotel, reunida
com pessoas próximas.
Ao ser questionado sobre a
reunião, Lula estava em solenidade com o presidente do México, Felipe Calderón, e acompanhado de Dilma. Ele afirmou
que seria "mais simples e mais
fácil" se Lina mandasse a agenda para Brasília, evitando "gastar dinheiro, pagar passagem e
ir ao Congresso".
Para ele, é de uma "pobreza
muito grande" o tema estar na
pauta da política brasileira, já
que há assuntos mais importantes para serem discutidos,
citando as relações com o México e a economia.
"Toda vez, neste país, que se
começa a fazer Carnaval com
coisas que não dão samba, as
coisas vão ficando cada vez
mais desacreditadas na opinião
pública", disse Lula.
O presidente desconversou
se houve ou não o encontro entre as duas. Deixou com Lina a
responsabilidade de provar a
realização da reunião. "Como
eu não sei da vida das duas e
não tenho propensão a ser mexeriqueiro, se as duas se encontraram, é só ver a agenda, e não
precisa fazer um cenário de crise entre duas pessoas que conversaram, desnecessariamente", afirmou Lula.
A Folha fez ao Palácio do
Planalto dois requerimentos
para ter acesso aos dados. Em
um, o Gabinete de Segurança
Institucional da Presidência
negou-se a fornecer a lista das
placas dos automóveis que estiveram no Planalto em dezembro passado. No caso da agenda
de Dilma, a reportagem quis
saber se encontros fora da lista
divulgada no site da Casa Civil
ficam registrados em alguma
outra planilha. O Planalto respondeu dizendo que a agenda
cumprida da ministra é a mesma que está na internet.
Segundo Lula, amanhã [hoje]
o assunto deverá ser esclarecido com o depoimento de Lina à
CCJ do Senado. "Vocês amanhã [hoje] terão oportunidade
de ver a agenda, a data, o horário, se elas se encontraram ou
não, ou poderão não ver nada."
Reação
Ontem, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) reagiu às declarações do presidente.
"O Lula poderia calar a boca,
está falando demais. Faz uns 15
dias que ele está sendo o maior
adversário da Dilma. Foi ele
quem mandou ela falar com o
Sarney para que não renunciasse à Presidência do Senado e, se
teve a conversa, foi ele quem
mandou a Dilma pedir para a
Lina parar a investigação", discursou o senador peemedebista no plenário do Senado.
Depois de responder sobre a
eventual reunião entre Lina e
Dilma, Lula almoçou no Itamaraty ao lado de Sarney.
(SIMONE IGLESIAS, ANDREZA MATAIS E ADRIANO CEOLIN)
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