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Promotoria diz não se "intimidar" pela Igreja Universal
Procurador-geral de Justiça divulga nota após programa da Record atacar promotor que fez denúncia contra Edir Macedo
A Igreja Universal pediu a abertura de uma sindicância contra os promotores que fizeram denúncia e vê elo entre um deles e a TV Globo
FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo, Fernando Grella Vieira, divulgou
ontem uma nota em que afirma
que o Ministério Público Estadual "em hipótese alguma se
deixará intimidar em razão de
distorções dos fatos e das insinuações perpetradas por quem
quer que seja".
A nota foi motivada pelo programa "Repórter Record", que
foi ao ar no domingo e atacou
Roberto Porto, um dos quatro
promotores do Gaeco (Grupo
de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) que
fizeram a denúncia contra o
bispo Edir Macedo, fundador
da Iurd (Igreja Universal do
Reino de Deus), e mais nove
pessoas. A Justiça abriu ação
criminal contra eles.
Já a Universal entrou ontem
com pedido de abertura de sindicância contra os promotores
responsáveis pela denúncia. "O
pedido se baseia em sérias denúncias sobre a conduta de alguns promotores, veiculadas
pela imprensa desde ontem",
afirmou nota da igreja.
A Record questionou a isenção do promotor e afirmou que
Porto foi punido por beneficiar
a Globo. Segundo a TV, ele ficou afastado de novembro de
2003 a abril de 2004, por causa
da divulgação de uma gravação
do traficante Luiz Fernando da
Costa, o Fernandinho Beira-Mar, reclamando do Regime
Disciplinar Diferenciado na penitenciária de Presidente Bernardes. A entrevista foi levada
ao ar pela TV Globo.
A nota de Fernando Grella
Vieira diz que a divulgação foi
alvo de uma investigação. "Como nenhuma ilegalidade foi
constatada, foi proposto o arquivamento do procedimento,
o que foi homologado pelo Tribunal de Justiça, após reexame
da matéria pelo desembargador Denser de Sá." A Record
disse ainda que a juíza da 9ª Vara Criminal Patrícia Alvares
Cruz teve um relacionamento
com o promotor Porto. Mas ela
não analisou a denúncia e não
teve relação com o caso.
"A juíza Patrícia Alvarez
Cruz, citada na reportagem,
nunca atuou no processo criminal em questão que, conforme já explicado, é presidido pelo juiz dr. Gláucio Roberto Brittes", escreveu Vieira.
O procurador-geral disse
ainda que a denúncia foi distribuída para a vara da Justiça por
sorteio eletrônico, o procedimento padrão nesses casos.
Superfaturamento
A Iurd disse ainda que, desde
2007, tenta comprar espaços
na programação da Rede Globo
e do SBT, como faz com a Record. Ontem, a igreja encaminhou para a Globo uma proposta de aquisição de espaço comercial de rádio e TV durante
as madrugadas. O valor anual
seria de R$ 545 milhões.
A Iurd não diz quanto paga
para a Record pelo espaço que
ocupa na madrugada. Uma das
suspeitas levantadas na investigação foi a compra superfaturada de horários na Record, como forma de repassar dinheiro
da igreja para a emissora.
Cálculos feitos por um otimizador de mídia (software utilizado por agências de publicidade para planejar campanhas)
revelam que a madrugada da
Record valeria hoje no máximo
R$ 60 milhões por ano.
Segundo o mesmo software,
nem a madrugada da Globo,
com cinco vezes mais audiência, valeria R$ 545 milhões -no
máximo, R$ 240 milhões/ano.
Colaborou DANIEL CASTRO, colunista da Folha.
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