São Paulo, terça-feira, 18 de agosto de 2009

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MST relaxa a pauta de reivindicação ao governo

Governo dará hoje resposta aos pedidos dos sem-terra

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de marchar pela Esplanada dos Ministérios, invadir o Ministério da Fazenda e montar um acampamento com 3.000 pessoas no centro de Brasília, o MST decidiu relaxar a pauta de reivindicações que deve ser respondida hoje pelo governo federal.
O principal recuo está no número de assentados neste ano. Ao chegar a Brasília, no início da semana passada, líderes sem-terra cobravam o atendimento de 90 mil famílias. Em conversas com o governo, reduziu o pedido para 20 mil.
Não admitida publicamente por conta das explicações que teria de dar às bases acampadas em 24 Estados, a nova estratégia do movimento visa se adaptar à realidade do governo, que já disse não ter recursos para chegar perto do pedido inicial.
Na mesa de negociações instalada após a invasão do Ministério da Fazenda, o governo informou que, no melhor dos cenários, conseguirá assentar em 2009 um total de 8.500 famílias do MST. Diante disso, o movimento reduziu de 150 para 30 as áreas que julga prioritárias e indicou o atendimento de cerca de mil famílias por Estado.
Dos R$ 950 milhões disponíveis para obtenção de terras no orçamento original do Incra, R$ 550 milhões já foram gastos, enquanto o restante segue bloqueado pela equipe econômica. A meta do governo é assentar neste ano 75 mil famílias, incluindo lavradores de todos os movimentos sociais do país, e não apenas do MST.
Pesou também na mudança de discurso a cobrança das bases acampadas à espera de um lote e o enfraquecimento do diálogo com o governo petista.
Outra iniciativa reservada do MST foi avalizar o assentamento de suas famílias não apenas em projetos criados por meio do instrumento da desapropriação, que pune o fazendeiro improdutivo. Agora o MST aceita instalá-las em áreas compradas pelo governo.
Além de mais recursos para a reforma agrária, o MST também reivindica a atualização dos índices agropecuários usados para avaliar uma fazenda passível de desapropriação. Como a bancada ruralista se opõem, Lula resiste em autorizá-la neste momento.
Procurado por meio de sua assessoria, o MST não quis se manifestar. O Incra afirmou que as conversas entre governo e sem-terra na semana passada foram para "detalhar" a pauta de reivindicações e que as respostas finais serão dadas hoje.


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