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DNA BRASIL
Evento no interior de SP reúne de Stedile a Regina Casé
Personalidades contam infâncias e discutem o país dos próximos 50 anos
FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A CAMPOS DO JORDÃO (SP)
Personalidades de várias áreas
estão em Campos do Jordão para
discutir o futuro do país nos próximos 50 anos, no evento DNA
Brasil. Antes de começar a debater, submeteram-se a uma sessão
de dinâmica de grupo para contar
como passaram suas infâncias.
Depois de serem recepcionadas
na quinta-feira à noite, pessoas
como Marina Silva, Albert Fishlow, monja Coen Sensei, Jório
Dauster e João Pedro Stedile foram convidados a passear, ontem
de manhã, pelos jardins do Grande Hotel, o mais luxuoso de Campos do Jordão (167 km a nordeste
de São Paulo). Em duplas ou trios
montados pelos organizadores,
todos tiveram de contar como foram suas vidas quando crianças.
A dinâmica de grupo foi, segundo o empresário Ricardo Semler,
uma maneira "de estabelecer um
"link" entre os presentes e vencer
as resistências pessoais". Não
houve formas de medir se os contatos melhoraram por causa da
sessão de regressão, mas as conversas foram inusitadas.
Um dos trios era formado por
João Pedro Stedile (líder do MST),
Albert Fishlow (brazilianista norte-americano) e padre Júlio Lancellotti (da Pastoral do Menor da
Arquidiocese de São Paulo). "Eu
gostava de andar de carrinho de
rolimã", disse o padre. Fishlow,
que fala português, mas não é
completamente fluente, não entendeu o que era "rolimã".
Ao final do passeio pelo jardim
do hotel, cada um teve de apresentar seu novo conhecido em
uma sessão plenária -a partir
dos fatos relatados sobre a infância. Ao psicanalista Contardo Calligaris, colunista da Folha, coube
relatar o que foi a infância de Miguel Reale Jr. (ex-ministro da Justiça): "Ele lia muitos livros sentado em cima do muro". Ricardo
Semler, que comandava a plenária, não perdeu a piada: "Por isso
que é do PSDB".
Regina Casé, a atriz, descobriu
que seu pai, Geraldo, tinha o mesmo nome do pai do coronel Geraldo Lesbat Cavagnari, que é especialista em assuntos militares
-e, quando criança, provocou
um curto-circuito em sua casa ao
tentar consertar uma lâmpada
queimada.
Debates
Depois que todos mais ou menos ficaram sabendo sobre suas
infâncias, os cerca de 50 presentes
-havia gente chegando até o final do dia- dividiram-se espontaneamente em várias salas para
discutir os seguintes temas: "Nós
e o mundo", "Educar para quê?",
"Novo jeito de trabalhar", "Propriedade intelectual X competitividade" e "Tema livre".
Não houve conclusão consensual sobre nenhum dos temas,
nem era esse o objetivo. Hoje à
noite, os organizadores devem
tentar sistematizar o que foi debatido e apresentar algum relatório
final.
Também deve ser anunciado o
formato do índice DNA Brasil,
que será uma compilação de vários indicadores já existentes. A
idéia é produzir um termômetro
das principais carências do país
nas áreas de bem-estar econômico, competência econômica, sócio-ambiental, educação, saúde,
proteção social e coesão social.
O encontro DNA Brasil deve se
tornar anual e é organizado pelo
instituto do mesmo nome, que
nasceu como um braço da Fundação Semco -de Ricardo Semler.
O evento custou cerca de R$ 1,6
milhão, sendo que a maior parte
desse dinheiro veio das empresas
Accenture, Banco do Brasil e Intel. No caso do BB, além do logotipo da entidade, aparecia também
no material distribuído o logotipo
do governo federal "Brasil - um
país de todos".
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