São Paulo, domingo, 18 de setembro de 2005

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DIPLOMACIA

EUA dão apoio retórico a proposta de ampliar Conselho de Segurança

Amorim cobra mudanças na ONU

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, fez ontem críticas indiretas ao unilateralismo norte-americano, cobrou mudanças nas Nações Unidas e ganhou o apoio retórico dos EUA à ampliação do Conselho de Segurança do órgão.
Perante a Assembléia Geral da ONU, Amorim disse que a instituição não foi criada para "disseminar a filosofia de que a ordem deve ser imposta pela força".
O chanceler voltou a cobrar a ampliação do Conselho de Segurança da ONU. Junto com Alemanha, Japão e Índia, o Brasil, por meio do chamado G4, quer entrar para o conselho e vem pedindo sua ampliação insistentemente.
Amorim disse que "não parece razoável imaginar que o Conselho poderá continuar ampliando sua agenda e suas funções sem que se resolva seu déficit democrático".
Após a fala de Amorim, a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, disse que o conselho deve ser ampliado e citou o Japão e "os países em desenvolvimento" como candidatos a ingressar no órgão.
Na prática, porém, os EUA foram os principais articuladores, na semana passada, de um movimento que provocou mudança no texto acordado entre os países a respeito da reforma do Conselho de Segurança. No documento, consta que haverá uma "avaliação" do avanço das discussões sobre a reforma até o fim do ano, quando o Brasil e o G4 esperavam uma definição até o final de 2005.
Nas reuniões da 60ª Assembléia Geral da ONU, na semana passada, os EUA focaram sua atuação no pedido de reformas na burocracia da instituição.
Rice chegou a dizer ontem que "os dólares" que financiam a instituição devem ser mais bem empregados e que a ONU deve se guiar pelos "mesmos princípios" que prega aos países-membros.
Segundo relatório, a ONU foi "negligente" sobre o programa Petróleo por Alimentos, no Iraque, que gerou desvios e suspeitas de corrupção envolvendo o filho do secretário-geral Kofi Annan.
Na próxima terça-feira, Celso Amorim deve viajar para o Haiti.


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