São Paulo, domingo, 18 de setembro de 2005

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CASO MALUF

Direção da Mendes Júnior será investigada; empresa nega participação em esquema de remessas ao exterior atribuído a ex-prefeito

Promotoria vê elo entre Maluf e construtora

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O próximo alvo do Ministério Público Federal e da Polícia Federal na investigação sobre as remessas internacionais de dinheiro atribuída a Paulo Maluf é a direção da empresa Mendes Júnior.
Quando a Procuradoria denunciou (acusou formalmente na Justiça) Maluf e o filho Flávio por corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha, afirmou que o dinheiro remetido para o exterior fazia parte dos pagamentos da Prefeitura de São Paulo à construtora.
A Mendes Júnior foi a responsável pela construção da avenida Água Espraiada (hoje Jornalista Roberto Marinho), que custou aos cofres públicos aproximadamente US$ 600 milhões. Segundo o Ministério Público, a obra foi um escoadouro de dinheiro para contas no exterior.
Para provar a ligação entre a obra e a conta bancária no exterior, o Ministério Público apresentou à Justiça um quadro comparativo entre os valores pagos pela prefeitura à Mendes Júnior no Brasil e os valores depositados na conta Chanani, no Safra National Bank de Nova York (EUA). Os valores são idênticos, com detalhes de centavos.
"A circunstância do Ministério Público Federal não dirigir a imputação contra os demais membros da diretoria da Mendes Júnior não significa nenhum arquivamento implícito em relação aos implicados, mas apenas uma opção processual, deixando claro que as investigações prosseguirão para correta identificação dos demais partícipes", informaram os procuradores Pedro Barbosa e Rodrigo de Grandis na Cota de Introdução enviada à Justiça.
Neste documento, os procuradores pediram à juíza Sílvia Maria Rocha, da 2ª Vara Federal, cópias dos documentos para a instauração de um novo inquérito policial para identificar outras pessoas que participaram do envio ilegal de remessa para o exterior.
O objetivo, disseram os procuradores, "é identificar e indiciar outros responsáveis pela corrupção pública ocorrida no município de São Paulo, notadamente dirigentes da empresa Mendes Júnior, bem como para se apurar a participação de instituições financeiras na lavagem de dinheiro". O Ministério Público informou ainda a abertura de outro inquérito para apurar movimentação no exterior de Otávio Maluf, filho mais velho do ex-prefeito. O valor é de aproximadamente US$ 5.000.
A Mendes Júnior sempre negou ter participado de qualquer esquema de desvio de dinheiro na prefeitura. Quando as primeiras denúncias surgiram, a empresa informou que era alvo de uma tentativa de extorsão de dinheiro -à época, a construtora denunciou a tentativa na Justiça.

Prisão
Paulo Maluf e o filho Flávio estão presos na carceragem da Polícia Federal de São Paulo, na Lapa (zona oeste da cidade) desde o dia 10 deste mês. Os advogados entraram com pedido de liminar em habeas corpus, o que foi negado na sexta-feira pelo juiz federal convocado do TRF (Tribunal Regional Federal) Luciano Godoy.
Os advogados do ex-prefeito e do filho dele dizem que a prisão preventiva é injusta e que os dois poderiam responder ao processo penal em liberdade.
Como a liminar (uma antecipação da decisão final) foi negada pelo juiz Luciano Godoy, o pedido de habeas corpus seguirá o tempo normal no tribunal, o que pode levar em média 30 dias para ser julgado.


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