São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Remake

Até que a suposta negociação de integrantes da Executiva Nacional do PT com os Vedoin tenha nome e endereço, os dirigentes do partido de Lula vão insistir na tese de que a tentativa de compra do material contra os tucanos foi iniciativa isolada de pessoas ligadas à sigla. Um petista com assento na Executiva chega a comparar o caso ao de Delúbio Soares. "Criou-se um sistema paralelo à revelia da direção", afirma ele.
O partido evitará reuniões para apurar internamente o caso pois avalia que o episódio o coloca de novo na berlinda, justamente num momento em que dólares na cueca começavam a virar cenas de arquivo. Quem coordena a campanha reeleitoral acha que, apesar do barulho da oposição, Lula está preservado.

Bordão. Dez entre dez petistas dizem lamentar o envolvimento de membros da sigla no negócio com os Vedoin para, em seguida, ressaltar que a acusação contra Serra no caso dos sanguessugas não pode passar em branco.

Analogia. Do vice na chapa de Serra ao governo de São Paulo, Alberto Goldman, sobre a suspeita de envolvimento de petistas na compra do dossiê contra tucanos: "É o Rio-Centro do PT. A bomba explodiu no colo do partido."

Após o sinal 1. No inquérito dos sanguessugas há registro de um recado, deixado por representante da prefeitura de Januária (MG) no celular de Luiz Antonio Vedoin, dono da Planam, falando abertamente em propina.

Após o sinal 2. No recado, a representante da prefeitura pede retorno de Vedoin para combinarem "a contrapartida de R$ 28 mil, que o prefeito quer negociar". E solicita R$ 2.000 para membros da comissão de licitação.

Time. Aliados e adversários apontam José Guimarães, irmão de Genoino e ex-chefe do homem-cueca, como provável petista mais votado no Ceará. José Airton Cirillo, alvo no escândalo dos sanguessugas, terá mais dificuldades.

Big Brother. A campanha de Cid Gomes (PSB) ao governo cearense foi avisada de que uma equipe de Lúcio Alcântara (PSDB) grava todos os seus comícios à espera de arroubos verbais de seu irmão, Ciro.

Torcida. Um dos maiores incentivadores da saída de Aécio Neves do PSDB é o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel. O petista acredita que, assim, seria o candidato do governador na sucessão em Minas Gerais.

Panela mineira. Tucanos mineiros se apressam em dizer que Pimentel é "a maior liderança hoje para suceder o Aécio". "Jeitoso" e "habilidoso" são alguns dos elogios feitos pelo PSDB ao petista.

Falta combinar. A resistência ao vôo de Pimentel vem do PT. Enlevado por elogios de Lula, Patrus Ananias acha que terá a primazia para disputar o governo em 2010.

Saindo da gaveta. PV e PPS têm pronto documento com as linhas gerais de uma proposta de fusão das duas legendas caso não cumpram a cláusula de barreira. O PSDB sonha em ter os partidos em sua órbita de influência.

Namoro. O PT catarinense já admite a possibilidade de apoiar oficialmente o ex-governador Esperidião Amin (PP) num eventual segundo turno. Amin e prefeitos aliados têm prestigiado atos de campanha de Lula no Estado.

Mutirão. Apoiado somente pelo PC do B, o PT do Rio Grande do Sul negocia a adesão de prefeitos do PDT e do PP à campanha de Olívio Dutra em um eventual segundo turno contra o governador Germano Rigotto (PMDB).

Repaginada. A Câmara pagará R$ 150 mil à FGV para a elaboração de estudo de reformulação das verbas indenizatórias a que os deputados têm direito. O projeto deve ficar pronto até o fim do ano.

Tiroteio

O demônio tomou conta de Lula quando ele comprou com o mensalão a alma do Congresso. Agora quer acabar com sua existência.


Do ex-ministro MIGUEL REALE JR. sobre frase dita por Lula na qual o presidente, ao falar sobre reformas, pede que não acordem o "demônio" que há nele, pois sua vontade é "fechar o Congresso e fazer o que é preciso"; o porta-voz do Planalto negou que Lula tenha dito a frase.

Contraponto

Mau exemplo

Em 1968, o então ministro da Fazenda, Delfim Netto, lançou um pacote de medidas rigorosas contra o contrabando. Na época, cigarros Marlboro e uísque Cavalo Branco com entrada ilegal no país eram febre no Rio.
A TV Tupi resolveu, então, repercutir as medidas com o governador Negrão de Lima. O repórter preparava-se para começar quando um assessor interveio.
-Pára, pára! -disse ele, retirando em seguida o governador dali para falar algo em seu ouvido:
-É melhor o senhor tirar esses dois maços de Marlboro da mesa à sua frente, ou seremos desmoralizados.
Discretamente, Negrão voltou e pôs os maços no bolso.


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