|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CPI pedirá documentos das gestões Serra e Barjas na Saúde
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CPI dos Sanguessugas solicitará nesta semana ao Ministério Público e à Justiça Federal de Mato Grosso documentos que tratem das gestões dos
tucanos José Serra e de Barjas
Negri à frente do Ministério da
Saúde durante o segundo mandato de FHC.
A comissão quer analisar as
novas declarações dos empresários Darci e Luiz Antonio Vedoin, dadas à última edição da
revista "IstoÉ", envolvendo os
nomes de Serra, atual candidato ao governo de São Paulo, e de
Negri no escândalo da máfia
dos sanguessugas.
Sem apresentar provas diretas do envolvimento dos dois
tucanos, os Vedoin, que eram
sócios da Planam, uma das empresas acusadas de participar
da fraude das ambulâncias, disseram que os políticos teriam
participado do esquema entre
os anos de 2000 e 2002.
"Qualquer declaração tardia
dos Vedoin temos de investigar", declarou ontem o sub-relator da CPI, deputado Fernando Gabeira (PV-RJ).
O deputado afirmou que a
idéia é obter cópias do vídeo e
das fotos do dossiê que os Vedoin tentaram vender e que foram apreendidos pela Polícia
Federal.
Segundo seu raciocínio, somente a partir da análise dos
documentos, será possível saber se há consistência ou não.
Durante o final de semana, a
CPI estava dividida sobre o rumo a tomar diante das novas
declarações dos Vedoin.
Enquanto petistas defendiam a investigação da gestão
Serra na Saúde, a oposição dizia
que não haveria razão para isso,
sendo que alguns desejavam
também investigar a negociação em torno do dossiê.
"Não quero tomar iniciativa
com base em revelação que ele
[o empresário Luiz Vedoin] faz
na imprensa e que indica algum
tipo de negociação. Agora, os
fatos estão aí, as comprovações
parece que constam, então vamos fazer o que tenha que ser
feito, ouvir os ex-ministros,
agora é o momento", declarou
anteontem o presidente da comissão, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ).
Ressalvando que tentará evitar a disputa política na comissão, Biscaia disse considerar
"estranha" a entrega antecipada, pela Planam (empresa dos
Vedoin), de ambulâncias a prefeituras em 2002, último ano
da gestão tucana.
Um dos sub-relatores da CPI,
o deputado Carlos Sampaio
(PSDB-SP), diz não haver razão
para investigar Serra: "Na época do governo FHC, por não se
cobrar por dificuldades, por
não se dificultar as coisas para o
pagamento, o dinheiro era fácil,
no sentido de vir legalmente,
na data aprazada. Isso, longe de
ser uma mácula do governo, era
uma demonstração inequívoca
de que era um dinheiro sério".
Ele afirmou ter conversado
com o procurador da República
Mario Lucio Avelar, um dos
responsáveis pela investigação
no Ministério Público. Segundo Sampaio, Avelar disse que
não há razão para abrir investigação contra Serra.
"O Vedoin ultrapassou todos
os limites do admissível. Em
um primeiro momento ele foi
um importante colaborador,
mas ao longo do processo foi
tentando utilizar a CPI, o Ministério Público e a própria imprensa como instrumento de
extorsão", afirmou.
O líder da oposição na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA), que também integra a CPI,
defende que a comissão investigue a negociação de Vedoin
para vender o dossiê. "Isso é
mais uma prova de que existe
uma quadrilha no governo".
O líder do PT na Câmara,
Henrique Fontana (RS), disse
que não aceitará: "Não vamos
aceitar a idéia de tentarem desviar esse debate para venda ou
não de fitas. O mais importante
é que apareceram evidências
que envolvem o governo que
nos antecedeu, e isso precisa
ser investigado", afirmou o deputado petista.
(RANIER BRAGON E LUCIANA CONSTANTINO)
Texto Anterior: Senadora do PT nega contato com os detidos Próximo Texto: Advogado de preso representa PT em ação na Justiça Eleitoral Índice
|